Qualidade de Vida e Saúde Emocional no Mercado de Trabalho: Uma Perspectiva dos Candidatos e da Área de Recursos Humanos
O mercado de trabalho está em constante evolução, e atualmente, o equilíbrio entre carreira e qualidade de vida tornou-se uma questão central para candidatos e organizações. Neste artigo, explorarei a visão dos candidatos e da área de Recursos Humanos em relação a essa temática, examinando como a realidade do mercado de trabalho impacta a qualidade de vida e saúde emocional das pessoas.
Para os candidatos em busca de oportunidades no mercado de trabalho, a preocupação com a qualidade de vida e saúde emocional está se tornando um fator determinante na escolha de uma empresa para trabalhar.
Visão dos Candidatos: a busca pelo equilíbrio
Encontrar um ambiente de trabalho que proporcione suporte emocional e condições para lidar com o estresse tornou-se essencial. Empresas que promovam um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional, oferecendo possibilidade de ter horários flexíveis, programas de apoio emocional, benefícios voltados para o bem-estar e um ambiente de trabalho saudável são aspectos altamente valorizados pelos candidatos e que, muitas vezes, tem um peso maior do que a remuneração oferecida, na hora de aceitar ou recusar uma proposta de trabalho.
Outro aspecto valorizado pelos candidatos é a cultura organizacional. Empresas que prezam pela transparência, comunicação aberta e liderança empática são percebidas como mais atraentes. Os candidatos desejam trabalhar em ambientes onde se sintam ouvidos, respeitados e apoiados em suas necessidades emocionais.
Visão do RH: Investindo na Saúde Emocional dos Colaboradores
A área de Recursos Humanos desempenha um papel fundamental na promoção da saúde emocional dos colaboradores. As empresas já perceberam que investir no bem-estar de sua equipe resulta em funcionários mais engajados, criativos e produtivos.
As ações adotadas pelas equipes de RH incluem a oferta de sessões de terapia ou aconselhamento, palestras sobre gerenciamento do estresse, incentivo à prática de atividades físicas e a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso. Além disso, o RH tem buscado adotar uma abordagem mais humana na gestão de pessoas, valorizando a escuta ativa e a empatia como habilidades essenciais dos líderes.
Conectando a Realidade do Mercado de Trabalho com a busca de Qualidade de Vida e Saúde Emocional das Pessoas
A conexão entre a realidade do mercado de trabalho e a saúde emocional das pessoas é cada vez mais evidente. A competitividade e as constantes mudanças no mundo corporativo podem gerar um ambiente estressante e desafiador para os profissionais. Por isso, é fundamental que as empresas sejam sensíveis às necessidades emocionais de seus colaboradores.
Temos observado que as empresas estão buscando se adaptar às novas demandas do mercado de trabalho. Muitas têm implementado programas de suporte psicológico, como terapias de grupo, sessões de mindfulness e palestras sobre saúde emocional. Essas ações têm o objetivo de proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e apoiador.
Além disso, empresas têm buscado certificações para serem vistas como referência em Saúde Emocional. Um exemplo disso, é a nova categoria implementada desde 2022 no ranking das Melhores Empresas para se Trabalhar. Sem dúvida, empresas que adotam essas práticas obtém melhores resultados na atração e retenção de profissionais.
Tendências de Modelos de Trabalho
Com a pandemia de COVID-19, o mundo corporativo experimentou uma aceleração em tendências de modelos de trabalho mais flexíveis.
Essa mudança no modelo de trabalho demonstrou ter efeitos positivos na saúde emocional dos colaboradores. A possibilidade de evitar deslocamentos longos e ter mais autonomia sobre a rotina de trabalho contribui para uma maior sensação de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
No entanto, é importante destacar que o trabalho remoto também pode apresentar desafios, como a dificuldade de estabelecer limites entre a vida pessoal e profissional e a sensação de isolamento social. Nesse sentido, as empresas precisam estar atentas a esses aspectos e oferecer suporte adequado aos colaboradores que adotam esse modelo de trabalho.
Temos observado no último ano quealgumas empresas estão optando por retornar ao modelo de trabalho totalmente presencial. Essa tendência pode ser observada por diversos motivos, incluindo:
1.Necessidade de Interação Social: Muitos colaboradores sentem falta da interação presencial com colegas de trabalho. A presença física no escritório pode proporcionar um senso de comunidade, facilitar a colaboração e promover a construção de relacionamentos pessoais.
2. Criação de Cultura Organizacional Forte: O ambiente físico do escritório pode ser uma parte essencial na construção da cultura organizacional. Empresas que desejam promover seus valores e missão podem acreditar que a presença física dos colaboradores no local de trabalho é fundamental para fortalecer a cultura corporativa.
3. Produtividade e Colaboração: Alguns líderes e gestores acreditam que a presença física no escritório facilita a comunicação, o compartilhamento de ideias e a colaboração entre os membros da equipe. Essa proximidade pode levar a uma maior eficiência e produtividade nas tarefas.
4. Segurança e Infraestrutura: Em alguns setores, especialmente aqueles que envolvem dados sensíveis ou processos complexos, o trabalho presencial pode ser visto como mais seguro e eficiente. Além disso, as empresas podem ter infraestrutura específica no escritório que facilite o desempenho das atividades.
5. Aprendizado e Desenvolvimento Profissional: O ambiente do escritório pode ser um local de aprendizado informal, onde os colaboradores têm a oportunidade de aprender com colegas mais experientes e receber feedback em tempo real. Esse aprendizado pode ser valorizado por empresas que buscam desenvolver suas equipes de forma abrangente.
6. Alinhamento com a Cultura e Legislação Nacional: Em alguns países, o trabalho remoto ainda não foi amplamente aceito ou regulamentado. Dessa forma, algumas empresas podem optar pelo modelo presencial para seguir as práticas tradicionais e estar em conformidade com as normas locais.
7. Desafios da Comunicação Remota: Algumas empresas podem enfrentar desafios significativos na comunicação remota, como fusos horários diferentes, barreiras linguísticas e dificuldades técnicas. O retorno ao trabalho presencial pode ajudar a superar essas dificuldades.
8. Motivação e Engajamento dos Colaboradores: Algumas empresas acreditam que o trabalho presencial pode levar a um maior senso de pertencimento e engajamento dos colaboradores com a organização, o que pode resultar em maior motivação e dedicação ao trabalho.
É importante destacar que essa tendência varia de acordo com a indústria, o tamanho da empresa e a natureza das atividades desenvolvidas. Algumas empresas optam por manter modelos híbridos, combinando trabalho presencial e remoto, para atender às necessidades dos colaboradores e do negócio de forma equilibrada. A decisão de retornar ao trabalho totalmente presencial deve ser cuidadosamente avaliada, levando em consideração os interesses dos colaboradores e as necessidades e estratégia do negócio.
Conclusão
A visão dos candidatos e da área de Recursos Humanos em relação à qualidade de vida e saúde emocional no mercado de trabalho reflete uma mudança significativa nas prioridades das empresas e dos profissionais. O bem-estar psicológico passou a ser um fator essencial na escolha de uma empresa para trabalhar e uma preocupação constante do RH na atração, retenção e gestão de pessoas.
A conexão entre a realidade do mercado de trabalho e a saúde emocional das pessoas evidencia a necessidade de empresas mais empáticas e sensíveis às necessidades de seus colaboradores. A adoção de modelos de trabalho mais flexíveis, permite que os profissionais tenham mais autonomia sobre suas rotinas, reduzam o estresse relacionado ao deslocamento e tenham mais tempo para dedicar-se a atividades pessoais e familiares, e a implementação de programas de suporte psicológico são tendências que visam promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
No futuro, é esperado que promoção de qualidade de vida e saúde emocional continue sendo uma questão central nas discussões sobre o mundo corporativo, impulsionando mudanças positivas na forma como as empresas cuidam de seus colaboradores e impactando diretamente o sucesso e a sustentabilidade dos negócios.
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Renata Sottero é Associate Director e Headhunter na Elliott Scott HR. Tem mais de 20 anos de experiência corporativa em empresas de diversos segmentos no Brasil e no exterior. Formada em Comércio Exterior pela Universidade Mackenzie e Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e pelo Center of Advanced Coaching.
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Agradecimentos:
=> pesquisa: Robert Half – Pesquisa Modelos de Trabalho
=> imagem: @lookstudio
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