Comunicação assertiva e empática para promoção da saúde mental nas organizações
O seres humanos são relacionais, e uma das formas de se relacionar é através da comunicação. Sabe-se que a comunicação vai muito além do verbal, pois existe expressão corporal, entonação de voz e gestos que também comunicam.
Todas essas formas de se comunicar expressam a individualidade de cada ser humano, o grau de equilíbrio emocional que está vivendo naquele momento, e a cultura em que está inserido. Cada cultura manifesta seus gestos específicos. Por exemplo ao cumprimentar formalmente, um japonês abaixa o tronco e a cabeça, enquanto nós brasileiros damos um aperto de mãos.
Para a criação de vínculos, entender essas diferenças sutis pode fazer uma grande diferença no seu trabalho e nos negócios, já que para se conectar com uma pessoa mais introspectiva, por exemplo, o ideal é que se chegue de uma forma mais recolhida para o estabelecimento de vínculos. Na Programação Neurolinguística (PNL), isso se chama de rapport.
Segundo a PNL, rapport é uma técnica que trabalha a empatia, que é a capacidade de compreender emocionalmente o mundo do outro, possibilitando que duas pessoas criem sua forma de se comunicar, transcendendo barreiras conscientes e inconscientes.
Autoconhecimento empodera a comunicação
Falando nos aspectos conscientes e inconscientes presentes na comunicação, o estado físico e emocional de uma pessoa interfere diretamente na comunicação. Isto é, se alguém está exausto e vivenciando um momento crítico, a tolerância é diminuída, e qualquer situação um pouco mais extrema pode ser um gatilho para conflito. A dinâmica de uma outra pessoa pode ser um gatilho de projeções inconscientes, criando um muro e dificultando que as relações se estabeleçam.
“se alguém está exausto e vivenciando um momento crítico, a tolerância é diminuída, e qualquer situação um pouco mais extrema pode ser um gatilho para conflito.”
É preciso ter autoconhecimento, recursos internos e consciência para driblar esses desafios, minimizando o impacto de uma comunicação mal conduzida, a fim de se estabelecer relacionamentos harmoniosos e um ambiente psicologicamente saudável para que as pessoas possam expressar sua autenticidade, suas opiniões, possíveis soluções inovadoras de uma forma aberta e fluida. Uma comunicação assertiva e empática para promoção da saúde mental nas organizações
Além disso, o autoconhecimento traz a tona os pontos fracos a serem desenvolvidos frente a crises e desafios. E não se iludam, quanto mais próximos as relações interpessoais, mais aparecerão esses pontos cegos em nós mesmos. E é aí que está a grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional, já que os soft skills são a grande tendência para crescimento de carreira.
De maneira bem simplista, pode-se ver se um indivíduo está saudável mentalmente, quando existe coerência do que ele pensa, sente e age. Se não se conhece profundamente, como terá o nexo entre o pensar, sentir e o agir? Quando esse nexo começa a existir, consegue ter uma percepção mais acurada inclusive das pessoas em sua volta, se responsabilizando pelos acontecimentos na vida e nas relações. Há uma tendência a diminuir os julgamentos e idéias pré-concebidas que dificultam a escuta acurada do outro e que podem trazer viéses distorcidos na comunicação.
Autocuidado e a filosofia Tolteca
O autocuidado diário para que o centramento emocional e a consciência se façam presentes no dia-a-dia é imprescindível. O que seria o autocuidado? Alimentação balanceada antiinflamatória, prática de exercício físico regular, respiração consciente, meditação, sono de qualidade, contato com a natureza, vivências que promovam autoconhecimento, como a psicoterapia por exemplo.
Profissionais de saúde multidisciplinar com a mesma visão que podem te ajudar neste processo de criação de novos hábitos diários, para trazer o tão comentado atualmente, work-life balance. Ser workaholic saiu de moda.
Tem um livro curtinho e de fácil leitura que se chama “Os quatro compromissos” de Don Miguel Ruiz, que fortemente recomendo. Ele tem como base a filosofia tolteca.
O primeiro compromisso fala: “Seja impecável com sua palavra”. Segundo Ruiz, a palavra contém seu poder criador, de se expressar e se comunicar, podendo criar o sonho mais belo ou destruir tudo ao seu redor. E é necessário entender que quando há destruição a sua volta, você esta usando a sua palavra contra você mesmo, pois estará lidando todo o tempo com o efeito de suas condutas destrutivas.
O segundo compromisso é: “Não leve nada para o lado pessoal”. De acordo com Ruiz, quando levamos para o lado pessoal, é porque de alguma forma concordamos com o que está sendo falado. Quando a outra pessoa fala de você, ela na verdade está falando dela mesma, e não de você.
O terceiro compromisso é: “Não tire conclusões”. Ele diz que quando tiramos conclusões, entendemos errado, levamos isso para o lado pessoal e acabamos criando um conflito desnecessário. Em vez de tirar conclusões precipitadas sobre o outro, faça perguntas a fim de entender o que se passa com o outro. Assim a comunicação se torna clara e pura, e sua palavra torna-se impecável.
O quarto compromisso é: “Sempre dê o melhor de si”. Nem mais, nem menos, e não espere recompensas. Quem espera recompensas, não aprecia a ação, não aprecia a jornada. E esse é o grande motivo pelo qual não fazem o melhor.
As técnicas da CNV – comunicação não violenta
Não posso deixar de mencionar aqui mais um livro de fácil leitura com exercícios práticos que contribuir muito na comunicação. É o “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, de Marshall B. Rosenberg.
Sucintamente, ele traz a importância de você entrar em contato com o que sente a partir do que fazem com você.
Veja este exemplo: “eu fiquei triste e com raiva porque você gritou comigo”. a) explicitar o sentimento e as ações de maneira bem clara e objetiva b) trazer qual é sua necessidade. “Espero que você fale comigo sem aumentar o tom de voz.” Isso ajuda que o outro consiga acessar seu mundo interno e entenda o que é esperado de você. Inteligência emocional é o foco de agora!
Conhecimento aplicado na vida
Eu, por exemplo, sempre fui uma pessoa bem contundente na minha fala, e como tenho um dom de entender o que se passa no interior das pessoas, quando era jovem, afastei muitas amigas apontando suas questões e feridas. Aconteceu justamente o oposto do que desejava, afinal queria ajudá-las e não afastá-las. Mas há certas coisas que precisam ser faladas com um jeito mais amoroso, no tempo certo, ou às vezes, nem dizer nada, somente estar ao lado.
Esta capa de gordura é criada nessa percepção da relação, nesse campo que acontece entre duas pessoas. O que essa pessoa está precisando? O que está acontecendo com ela? Como posso ajudá-la? Se tem dúvida de como proceder, faça essas perguntas-chaves e deixe a alquimia desse campo acontecer. Se sentir de ficar no silêncio, faça-o, se sentir de dar um chacoalhão, faça-o, mas tenha uma almofada para acolher depois. E assim procedemos, fazendo que o outro se sinta parte do nosso mundo.
✨Lembrem-se: o maior gatilho de doença mental é não se sentir pertencente a uma família, a uma sociedade, a uma organização, ou qualquer grupo de pessoas. Fica aqui esta reflexão. Se cada pessoa tem a sensação de pertencimento, iremos estar mais perto de criar um mundo saudável e inclusivo!
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Patricia Turri Figueiredo Hirayma é psicóloga clínica, com especialização em Psicologia Clínica e Antroposofia e Psicologia Transpessoal. Tem formação em Respiração e Renascimento, Master em PNL, e está em formação em Psicotraumatologia. contatos: [email protected] | @consciencia.saude (instagram) | www.conscienciaesaude.com
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