Nós sabemos por experiência própria que não somos capazes de controlar as nossas emoções. Todos nós já vivemos situações em que a voz embargou, as lágrimas rolaram, a raiva explodiu, as palavras saíram do jeito errado. Então emoções, o que são e como são feitas?
Tanto por experiência própria quanto pela visão clássica da Psicologia, as emoções nos controlam e com frequência elas estão de mal com a nossa razão.
Emoções pela Teoria Clássica
A teoria clássica nos diz, inclusive, que temos algo em torno de 5 emoções básicas (alguns teóricos falam em 6), sendo as emoções mais sutis nada menos do que a mistura das básicas.
Medo, Nojo, Tristeza, Raiva e Alegria, seriam como entidades vivendo em compartimentos distintos, com alguma comunicação entre si. Quase como potinhos cheios do seu humor específico, esperando para derramar e inundar o sistema nervoso. Quem assistiu ao filme Divertidamente, viu essa teoria representada em animação.
Cada emoção teria as suas próprias características específicas e permanentes, seriam desencadeadas por situações semelhantes e elas ficariam evidentes nas nossas expressões como propaganda num outdoor. Então bastaria identificar os marcadores fisiológicos das emoções e o lugar no cérebro de onde elas seriam originárias.
Décadas de procura e…
Para comprovar a teoria clássica, partiu-se então em busca de evidências incontestáveis da presença de emoções básicas e universais. Cientistas foram a povos distantes, colocaram sujeitos dentro de scanners cerebrais, injetaram drogas bloqueadoras de diversos tipos, fizeram milhares de entrevistas… Foram décadas de pesquisas para encontrar os marcadores ou impressões digitais das famosas emoções básicas.
E… o que encontraram? Nada de emoções básicas, nem uma emoção universal. Ao invés de universalidade, encontrou-se diversidade! E já que os dados apontavam em outra direção, surgiu uma nova teoria das emoções.
A Teoria das Emoções Construídas
A primeira pista de que a coisa não era como se pensava veio da nossa própria experiência. Quantas formas você tem de sentir e demonstrar alegria? E raiva? Tem gente que chora quando fica com raiva, mas raramente chora de tristeza. Quem nunca chorou em casamento, um momento de alegria? Eu, por exemplo, sou capaz de chorar até em comercial de margarina, se ele tiver final feliz.
O mesmo pode se dizer das expressões faciais. Quem vê apenas a face de um campeão olímpico no momento da glória, pode jurar que ele está ardendo em raiva. E o que dizer das sensações corporais tão presentes nas emoções? Aquele frio na barriga na hora de fazer uma apresentação em público. Para muitos é sinônimo de pânico, para outros, de empolgação.
Além disso, as imagens do cérebro vivo em situações que desencadeiam emoções não apontaram para similaridades. Até o tão famoso sequestro de Amígdala (refiro-me à região cerebral, não a que mora na sua garganta!) não passou no teste. Esse fenômeno era compreendido como condição fundamental às reações intempestivas de luta ou fuga. Mas de fato, mesmo pessoas com lesão na amígdala também são capazes de ter essas reações.
Se as emoções não são o que pensávamos, o que são?
Como já disse o Rei: “São tantas as Emoções!” Amor, raiva, medo, compaixão, serenidade, paz, tristeza, ódio, temperança, idolatria, atração, desprezo, indiferença, ansiedade, depressão, e tantas outras…
Emoções são uma “explicação” do que está acontecendo conosco, na situação em que nos encontramos. Nosso cérebro passa o tempo todo associando sensações corporais, pensamentos e informações do ambiente e do contexto para decidir o que vem a seguir: o que dizer, o que sentir, o que fazer.
Infelizmente, algumas dessas “explicações” levam pessoas a (re)agir de modo inadequado. Em alguns casos dramáticos, por exemplo, o que se chama de amor está desde a infância associado a atos de violência. Em outros, o sentimento de autoestima é associado ao desmerecimento do outro. E assim por diante.
E daí?
Isso muda a nossa vida? Muda muito! Se pensarmos que as emoções são realmente entidades que nos habitam, sobre as quais não temos controle, então não há o que fazer.
Outro dia vi uma camiseta que resume bem essa visão: “Desculpe pelo que eu disse quando estava com fome!” O sujeito já antecipa que não se responsabiliza pelo que diz nessas horas.
Mas, se entendermos as emoções pelo que realmente são, uma simples conclusão da sua mente para um dado contexto, podemos assumir alguma responsabilidade pelo que se passa.
Podemos então aprender a nomear o que sentimos, e a checar se esses nomes têm de fato respaldo no nosso contexto. Ao validar ou renomear o que sentimos, nós podemos reeducar as nossas mentes para re(agir) de forma mais inteligente, mais madura e na direção da nossa FELICIDADE.
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Carol é Mestre em Neurociências pela Universidade de Viena. Atua como Professora, Consultora e Mentora em People Strategies. É pioneira na introdução das Mind Sciences para soluções de gestão contemporânea de pessoas e desenvolvimento de times. contato: [email protected]
> Este artigo foi baseado no livro : How Emotions are Made de Lisa Feldman Barrett
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