Equilíbrio da vida de uma mãe executiva no mundo do autismo

mãe executiva no mundo do autismo

Quando recebi o convite da Andréa, fundadora da friendsBee, fiquei pensando na minha jornada sendo mãe dos meus filhos Arthur, que possui o diagnóstico de autismo com grau severo, e Felipe, que é uma criança “típica” como a classe médica denomina, e ao mesmo tempo, ser uma profissional.

Após uma gravidez complicada, Arthur chegou com muita alegria e vem modificando as nossas vidas diariamente. Com dois anos e meio, obtive o diagnostico que meu filho tinha autismo e recordo de uma frase que a médica que proporcionou o diagnóstico na consulta me disse: ”a criança que entrou nesse consultório é a mesma que vai para casa com você”. A minha ansiedade de mãe, grávida de meu segundo filho Felipe, naquele momento era saber o que estava acontecendo com o meu filho Arthur. E, a partir dessa definição, fui para a luta! Busquei os melhores profissionais para atender o meu filho, sabendo que quanto antes ele tivesse suporte, seu futuro com autonomia poderia ser mais próximo.

Acredito que a força que tive naquele momento, naquele consultório e com aquela médica, foi graças à criação que tive por meus pais, o meu estudo pela faculdade de psicologia, sentir a força do meu segundo filho Felipe dentro da minha barriga e o elemento mais importante que os meus filhos Arthur e Felipe representam para mim: AMOR

Escolhas

Desde que tive o privilégio de ser mãe, trabalho arduamente para equilibrar a minha vida profissional e pessoal, e com certeza não existe uma fórmula mágica, inclusive conto com muito apoio de meu parceiro de vida. Porém sempre é possível fazer escolhas que possam tornar essa dinâmica mais leve, e a primeira delas é priorizar o precioso tempo. Na minha rotina semanal de trabalho, fecho o meu computador no máximo às 18h30 e dedico o meu final de semana 100 % à minha família.   

A segunda escolha é entender qual é o perfil da empresa e escopo de trabalho adequado com o meu momento de vida. Sempre escolhi trabalhar em empresas em que valor humano seja prioridade. Sem esse propósito nada disso faria sentindo para mim.

A terceira escolha é entender o meu limite. Talvez não consiga estar presente em cada passo detalhado de meus filhos, mas com certeza garantirei que a jornada de cada um deles seja realizada com muito amor e inclusão, tema esse que já faz parte da minha vida pessoal e profissional desde a minha juventude.

Espero que, nesse ano de 2021, o tema diversidade e inclusão continue, e que não seja somente mais uma onda. E que muitos Arthur, Felipe, vivenciem um mundo onde todos tenham a oportunidade de experienciar o amor e serem respeitados!  

Thatiana é executiva em Recursos Humanos na adidas, com passagem por empresas de expressão mundial. Atua como Conselheira da Fundação FADA, desenvolvimento de pessoas com autismo. Sua paixão é o poder da diversidade e da inclusão para evolução econômico-social.

>>> Gosta do tema Inclusão? indicamos este artigo: https://www.friendsbee.com/beeblog/diversidade-e-inclusao-uma-jornada-de-respeito/

Imagem cedida pelo fotógrafo Michal Parzuchowski ✨

Qualidade de Vida ou Vida Qualificada

Recentemente eu ouvi o psicanalista Jorge Forbes falar sobre a diferença entre “qualidade de vida” e “vida qualificada”.  Isso me levou não só a refletir sobre a importância desse assunto, como também fui ao seu extremo, associando o conceito de Burnout – distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico e mental das pessoas – e como tudo isso impacta na nossa saúde e nas nossas relações em casa e no trabalho.

Segundo o psicanalista, na maioria das vezes, ter qualidade de vida significa ter um padrão, o que não deixa de ser um rótulo estabelecido pela sociedade – por exemplo: acordar às 5 da manhã, fazer meditação, correr 10 kms, ser vegano, ter uma casa na praia etc. Ter uma vida qualificada, por outro lado, significa se autoconhecer, qualificar o que realmente é importante em sua vida e identificar o porquê isso lhe faz bem: beber um vinho à noite, rezar, ler um livro etc.

Evidentemente, o que de fato importa é ter uma vida integrada e que faça sentido. Isto significa balancear e alternar as atividades – entre criação, rotina, físico, família, trabalho; de tal forma que tudo esteja alinhado com as necessidades, os princípios e os valores individuais.

No outro extremo, entretanto (e principalmente por causa da pandemia), os casos de Burnout vêm aumentando. Para quem não sabe, a doença foi recentemente incluída na classificação internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) e significa esgotamento; o que implica dizer que a pessoa não tem mais energia emocional ou física para realizar o trabalho. 

O mais curioso é que as razões pelas quais o Burnout acontece contrapõem o conceito de vida qualificada, ou seja, a doença acontece quando a atividade não faz mais sentido para a pessoa , o seu trabalho fere seus princípios e valores e não existe um balanceamento para o seu exercício, e sim uma sobrecarga muito elevada.

Na verdade, é preciso conhecer e entender o que nos faz bem como indivíduos e qualificar isso de acordo com nossas necessidades e interesses. Somos únicos e não precisamos seguir um padrão exclusivo, mas sim encontrar a exclusividade para a sua vida. Essas diferenças enriquecem e encantam o nosso dia a dia.

Vale lembrar que tudo isso melhora o bem-estar, reduz o Burnout e pode aumentar vários indicadores no trabalho, como satisfação, engajamento e produtividade.

Sigo por aqui me esforçando em “qualificar a vida”.

Desejo que cada um saiba também qualificar a sua, de acordo com seus princípios e valores, e obter os melhores resultados em todas as suas relações.

Conheça mais sobre a autora em https://www.linkedin.com/in/manuelabrandaoborges