Você quer ser um SuperAger?

Superagers

Passar dos 80 sem doenças crônicas ou degenerativas: não é essa a velhice dos sonhos? Pois é! Esses felizardos, que hoje não chegam a um terço dos idosos no mundo, são denominados SuperAgers.

Estudos demonstram que este grupo perde mais lentamente o volume cerebral do que a maior parte das pessoas, o que possivelmente explica sua blindagem à demência. Além disso, o cérebro delas é maior e mais conectado em áreas relacionadas à memória, aprendizado, armazenamento e recuperação de informações, ou seja, ele se reorganiza e se expande com o uso.

Mas, como chegar lá desse jeito?

A neurocientista Emily Rogalski, PhD, lidera o grupo de estudos da SuperAging na Northwestern University de Chicago e, com base em suas pesquisas, cita algumas dicas importantes que podem nos levar a esse caminho.

A primeira delas é a prática de atividades físicas de forma constante, ou seja, de duas a três vezes por semana. Nada muito complicado: pode ser uma caminhada ou algum esporte que você goste! O ideal é que você mescle atividades aeróbicas com um pouco de musculação. Mas isso deve ser um hábito, incorporado na sua rotina. Os exercícios físicos regulares, além de contribuírem para o fortalecimento muscular e reduzirem o risco de quedas na velhice, favorecem o desempenho do organismo e a manutenção do peso.

Por que a manutenção do peso é importante?

Diversos estudos mostram que a obesidade é um dos grandes fatores de risco para diversas doenças cardiovasculares, osteomusculares e metabólicas, além de distúrbios de ordem emocional. No caso do Alzheimer, por exemplo, a redução do fluxo sanguíneo, proporcionada pela obesidade, têm sido associada ao aumento de casos da doença. Além disso, temos que nos preocupar com outros perigos como diabetes, doenças cardíacas e questões físicas que causam dificuldades de mobilidade na velhice.

Falando em saúde, você tem realizado o seu check up com regularidade? Uma avaliação médica ampla e periódica é importante para monitorarmos a nossa saúde. Problemas relacionados a insônia e falta de energia, aspectos decisivos para uma longevidade saudável, podem estar relacionados a instabilidades hormonais e são bem simples de serem resolvidos. Não descuide de sua saúde!

A segunda dica importante diz respeito à nossa atividade cerebral: temos que manter o cérebro alerta! Pense no seu cérebro como um músculo que precisa ser estimulado. Existem várias maneiras de fazer isso, seja através de leituras, debates, jogos, condução de projetos ou desafios. O importante é sair da sua zona de conforto!

Quer alguns exemplos?

Enquanto caminha, tente memorizar algumas coisas, como por exemplo os nomes das ruas por onde passa. O movimento estimula a nossa memória! Outra dica interessante é procurar aprender coisas novas: nosso cérebro adora desafios! Faça aquele curso de francês que você tem adiado, ou aquela aula de zumba que sempre quis fazer! Atividades de aprendizado em grupo são ainda mais ricas, pois nos ajudam a ampliar várias competências, e se forem divertidas, os ganhos são maiores em função da liberação da serotonina em nosso organismo.

Falando em serotonina, você sabe por que ela é chamada de “hormônio da felicidade”? A serotonina é um neurotransmissor encontrado no sistema nervoso central, trato gastrointestinal e plaquetas, tendo entre suas funções principais a de ajudar a equilibrar nosso humor, sono, fome e ansiedade. De acordo com a neurocientista PhD norte americana Candance Pert, cada um de nós tem dentro de si uma “farmácia de luxo a baixo custo” que não sabemos usar. No caso da serotonina, basta uma exposição diária de 20 minutos ao sol, a prática rotineira de meditação, o autocuidado e a ingestão oral de 5-HTP*, um aminoácido natural precursor da serotonina que pode ser receitado pelo seu médico.

Mais duas dicas pra você

Uma terceira dica diz respeito às nossas relações sociais. Os SuperAgers relataram investir muito nos relacionamentos. Estudos mostraram que a região da atenção no cérebro, repleta de neurônios responsáveis pelo processamento social, empatia e comunicação, é maior neles do que em idosos “normais”. Os estudos apontam para uma pontuação mais alta em relacionamentos satisfatórios e positivos por parte dessas pessoas.

Este aspecto é especialmente interessante, pois mostra a importância da qualidade dos nossos laços sociais, ou o quanto efetivamente investimos naqueles relacionamentos que nos fazem bem. Pense nos seus vínculos atuais e avalie se as pessoas que alegram a sua existência estão presentes em seu dia a dia. Se a resposta for negativa, mude isso e você terá resultados imediatos no seu humor e na sua vida!

A quarta dica é a moderação. Os SuperAgers não passam vontade de nada, mas não abusam. Isso serve para comida, bebida, sexo, trabalho, sono, estresse. Aliás, esse é um conselho que lembra um bordão publicitário, mas é um macete para a vida: aprecie com moderação!

Exercícios regulares, manutenção do peso, mente ativa, laços afetivos, autocontrole, essa é a bula para um envelhecimento ativo e saudável. Combater pensamentos tóxicos e manter conexões emocionais positivas nos preparam para ter uma velhice melhor, com o bônus de aproveitar o caminho durante a caminhada.

Refletindo sobre a pergunta inicial deste artigo, ingressar nesse grupo parece mais uma opção do que uma loteria: vamos tentar?

*não recomendamos automedicação

Fran Winandy é psicóloga, especialista em Programas de Transição de Carreira e Diversidade Etária.

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