O Carnaval e as 4 grandes incapacidades atuais da Humanidade

carnaval e as 4 grandes incapacidades da humanidade

A partir das 4 grandes incapacidades atuais da humanidade – dialogar, cooperar, confiar e lidar com incertezas e inseguranças em um mundo que experimenta uma complexidade crescente, começo esse texto que fala também sobre cultura, valores e ambiente de confiança, pautado em um tema que me chamou atenção recentemente – o carnaval de 2021 no Brasil.

Vai ter carnaval? Qual carnaval ou quais carnavais? O feriado, os desfiles, os blocos de rua, os trios elétricos ou a comemoração do que o carnaval representa como demarcação de um período religioso?

Não sei responder a essa pergunta e acredito que muitos dos que estão lendo também não sabem, pois as decisões dos governantes e das organizações privadas não refletem um posicionamento único e claro.

Note que o que trago para reflexão aqui não é sobre carnaval, feriado ou algo do gênero, mas sobre as 4 incapacidades citadas. Se nas decisões houvesse consenso, diálogo e cooperação e uma real habilidade de lidar com incertezas, não haveria este texto.

Em função da pandemia muitas decisões tiveram que ser tomadas e outras tantas ainda deverão acontecer. Algumas afetaram a economia, a educação e o ambiente de trabalho, entre outras consequências que não gostaríamos de experimentar. Outras de fato nos protegeram de riscos de uma expansão vertiginosa dos males causados pela Covid-19.

Mas vamos refletir sobre alguns pontos e seus impactos nas organizações e na sociedade?

Diálogo

Costumo dizer que o diálogo é uma das habilidades perdidas da humanidade. Isso nos impede de resolver conflitos sociais, econômicos e ecológicos. Nos mantém polarizados e, de certa forma, com a nossa capacidade de pensar fragmentada, nos isolando em nossas próprias opiniões que são fortalecidas pelos já famosos algoritmos das redes sociais, que sempre nos apresentam ideias semelhantes e favoráveis às que acreditamos.

Mas, no mínimo no âmbito das organizações, essa decisão quanto ao carnaval poderia e deveria ter sido objeto de diálogo. Algo como: seus filhos provavelmente não terão aulas, instituições financeiras estarão fechadas, algumas outras organizações não terão expediente etc., e existe um decreto, uma orientação por parte dos governantes. Em função disso o que é melhor para nós como organização? Vamos conversar, dialogar e refletir para chegarmos na melhor decisão?

Cultura

 “O modo como as coisas são feitas por aqui.” (Barrett Value Center) Essa definição de Cultura é a melhor que eu conheço pois reflete a qualidade da ação, a coerência e congruência entre o que se propaga e o que realmente se faz no dia a dia.

Considero que o carnaval está culturalmente instalado, mas as decisões demostram caminhos diferentes. Quais seriam as boas perguntas nesse momento?

Me arrisco nessas: De certa forma um distanciamento do que há anos vem sendo praticado nessa empresa fere algum dos valores que professamos? Quais são os valores que nos guiam? Produtividade e lucratividade ou respeito ao ser humano e às tradições, por exemplo?

Confiança

Em um ambiente de confiança sempre há uma dosagem de certeza e, principalmente, de clareza nos movimentos realizados pela alta gestão. Há também condições de expressão da vulnerabilidade, da discordância, do pensar de forma diferente, com a certeza de que não haverá punição, repressão ou ainda pior – a exclusão.

Se a decisão for tomada sem levar em conta o diálogo e a cultura haverá quebra de confiança? O que os colaboradores irão experimentar? Poderão se manifestar livremente? Poderão tomar decisões contrárias dentro da sua esfera de autonomia e responsabilidade?

Cooperar na direção de algo maior

Há falas de alguns governantes que direcionam a interpretação de que os indivíduos são incapazes de se manter em casa no carnaval, sem se aglomerar. Há uma crença de que realmente não sabemos cooperar em sociedade. Regras, Leis e Decretos são criados a partir dessa mentalidade.

O que falta para que a cooperação seja altamente utilizada? Quando vamos, como sociedade, banir palavras e conceitos originados em ambientes de guerra? Como fazer da colaboração e da força de um coletivo sadio, onde todos se ajudam mutuamente, o padrão de comportamento em momentos de crise?

Incertezas e Inseguranças e a Complexidade Crescente

Muitos propagam e até anseiam pelo “novo normal”, porém eu acredito no conceito de “novo anormal”. Neste modelo precisaremos conviver com paradoxos, incertezas, inseguranças e, principalmente, com uma complexidade crescente e, nesse cenário, uma decisão não segue mais a lei da causa e efeito, não é mais linear e tampouco óbvia.

Precisamos ampliar a nossa capacidade de fazer intervenções na Complexidade, cientes de que o feedback sistêmico pode trazer uma resposta bem diferente da que esperávamos, como por exemplo: esperar que as pessoas que estarão trabalhando não estarão aglomeradas, ampliando a disseminação do vírus causador da pandemia? E obter como resposta efetiva à manutenção crescente dos níveis de contaminação, acrescidos de diversas métricas de que foram dias improdutivos, sujeitos à acidentes de trabalho, aumento de custos, etc…

Conclusão

Acredito que nesse momento é imperativo desenvolver e preparar líderes, das organizações públicas e privadas, com habilidades, capacidades, conhecimentos e atitudes. Que, além de ampliar os seus respectivos níveis de consciência em prol de uma sociedade e de uma humanidade melhor, nos guiem na direção do diálogo, da confiança, da efetiva gestão cultural, da cooperação e, principalmente, nos preparem para atuar com sobriedade dentro do “Novo Anormal”. Cenário que virá carregado de incertezas, inseguranças e imprevistos, mas que poderá ser nutrido com doses elevadas de “humanocracia“, onde o ser humano ocupará, de verdade, o local central das decisões e dos investimentos.

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Alexandre Marques é Administrador de empresas, formado pela Universidade Mackenzie e com MBA em Marketing pelo Insper.  É Co-Fundador e CEO da Integraum Consultoria, e assim materializa e integra o seu mais novo projeto com o objetivo de desenvolver pessoas e compartilhar seu conhecimento para construir uma humanidade melhor.

Entusiasta dos temas: Teoria Integral, Teoria U, Complexidade, Recursos Humanos, Liderança, Metodologias Ágeis, Gestão de Polaridades e Transformação Cultural entre diversos outros.

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Agradecimento pela foto à Sachin Bharti ✨