Propósito de Vida, o amor como condutor

“… estou procurando, procurando.

Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

Esse pequeno poema de Clarisse Lispector mostra bem o sentido do Propósito. O ponto para o despertar está exatamente aí. Ou seja, o desejo de não ficar mais com o que aprendemos, com os nossos talentos, valores e habilidades. Precisamos entregar para o mundo. Não se trata mais de nós mesmos. Se trata do que vamos deixar para o mundo.

Quando comecei a entender e a estudar mais sobre Propósito (e gosto sempre de colocar o “P” em letra maiúscula), percebi muita coisa que já estava ecoando dentro de mim, mas que eu não sabia nomear.

Meu objetivo nesse texto é o de elucidar um pouco como podemos entender, nos alinhar e viver o nosso Propósito.

Em primeiro lugar o Propósito de vida não está conectado ao EGO. Isso quer dizer que não tem a ver com as nossas recompensas ou com reconhecimento. Tem a ver com o impacto do que fazemos na vida do outro, do entorno, da humanidade.

Do Autoconhecimento ao Flow

O ponto de partida se dá quando, VERDADEIRAMENTE, mergulhamos no AUTOCONHECIMENTO e decidimos olhar para a gente primeiro para depois olhar para o mundo lá fora. Não tem como descobrir a necessidade do mundo se as nossas necessidades não estiverem preenchidas. E tudo começa pelo DOMÍNIO PESSOAL, onde precisamos trabalhar nossos medos e nossas crenças limitantes. Depois disso, ou ao mesmo tempo, partimos para a INDIVIDUAÇÃO. A palavra é meio esquisita, mas é isso mesmo. E o que quer dizer? Quer dizer que nessa hora precisamos saber da nossa verdadeira identidade. Assumir quem somos de verdade com autenticidade e autoexpressão, pensando e agindo de forma abundante.

Costumo dizer nas minhas palestras sobre Propósito que ele – o tal Propósito – é irmão da expansão, da abertura e da liberdade. E quando assumimos a nossa identidade e entendemos nossa verdadeira expressão e forma de vida, estamos prontos para a terceira etapa que é a AUTOREALIZAÇÃO, que é a nossa conexão com os nossos valores e com a nossa essência, encontrando a satisfação e o famoso “flow”, que irei explicar um pouco mais para frente.

Trabalhado essas três etapas, o próximo passo é SENTIR a necessidade do mundo. Aquilo que enxergamos, sentimos e sabemos que precisamos fazer algo para resolver, para ajudar com impacto positivo. É como se fosse um “chamado”. Algo que a gente vê e tem a sensação inexplicável de que pode resolver. Para isso é muito importante ter absoluta consciência dos nossos TALENTOS, VALORES E PAIXÕES. E sempre que me perguntam o porquê dos valores, respondo que sem eles, podemos nos perder. Os valores de vida são a nossa “bússola moral”. Aquilo que nos ancora e nos fortalece como indivíduos.

Valores como: ética, integridade, amor, saúde, alegria, colaboração, confiança, coragem, comprometimento, respeito, honestidade e tantos outros. Caso você queira saber um pouco mais sobre os valores que te regem, sugiro entrar no site www.valuescentre.com e fazer o seu assessment de valores que está intitulado como PVA (Personal Values Assessment). Vale a pena.

Os valores são super importantes para a condução de sustentação do nosso Propósito pois eles nos ajudam no “COMO” podemos viabilizar os nossos talentos e aptidões.

Amor como condutor

Normalmente o Propósito está ligado a um verbo PODEROSO de ação, como transformar, melhorar, cuidar, desenvolver, integrar, conectar, viabilizar etc. É preciso SENTIR que verbo tem a ver com o nosso coração e com o nosso querer. Mas é preciso registrar aqui que nenhum verbo terá sentido, nenhum Propósito será efetivamente possível de ser vivido, se não tivermos AMOR. O amor é grande condutor de toda essa jornada. Sem amor não faz sentido, não tem significado e, acima de tudo, não tem entrega altruísta.

Propósito nas empresas

O Propósito pode existir para pessoas e organizações. Normalmente ele serve como um “convite” para uma AÇÃO. Sim, o Propósito precisa de ação! Não adianta ele ficar no desejo, no sonho, na vontade ou nas palavras. Ele precisa ser exercido em toda sua plenitude. E o melhor é quando ele se torna o centro na nossa melhor entrega e atividade. Relaciono aqui exemplos de Propósito de algumas empresas que considero válidos para o que elas fazem e entregam para a sociedade:

GOOGLE: Organizar a informação do mundo.

TESLA: Acelerar a transição para o transporte sustentável.

DISNEY: Alegrar a vida das pessoas.

FACEBOOK: Dar às pessoas o poder de compartilhar.

JOHNSON&JOHNSON: Cuidar do mundo, uma pessoa de cada vez.

Notem que são Propósitos declarados com frases curtas. Isso é muito importante, pois se não for direto a partir do verbo e com o IMPACTO CLARO para o outro, o Propósito pode ser confundido com missão.  

Quem consegue fazer do seu trabalho um MEIO para o seu Propósito, sem dúvida nenhuma se torna uma pessoa mais FELIZ. Mais do que isso, ou junto a isso, consegue entrar no seu estado de “FLOW”. E o que significa o tal “flow”? Gosto de explicar o “flow” através da frase da maravilhosa cantora Nina Simone, após seu épico concerto no Festival de Montreux em 1976.

“No começo, eu comigo. Eu com os demônios. A Plateia emudece. Esqueço de mim. Há uma conexão. Eu e a plateia. Uma coisa só. Só o absoluto. Não existe mais eu. Não existe mais plateia. Só vibração. Só o invisível. Foi mágico. O mais perto que cheguei de Deus.”

Propósito e Legado

O “flow” é a conexão máxima com o Propósito, com a entrega, com a sensação clara do impacto gerado. Ele exige muita concentração e foco, além de muito domínio do que está sendo feito. Isso quer dizer que o “flow” está muito mais conectado com o sentir do que com o mental. E é aí que ele combina com o Propósito. Você não consegue explicar. Simplesmente sente.

Uma vida com Propósito é uma vida mais plena, mais simples, mais leve. Como eu disse antes, Propósito é expansão e liberdade. Para isso, o importante é começar pelo básico. Esse básico depende de cada pessoa, é claro, mas precisamos olhar para isso como fonte de energia positiva e motivação. Um básico que começa por se divertir mais na vida, se alegrar com as coisas mais simples, julgar menos e entender mais. Vibrar mais com a natureza, a arte, a música. Dançar ajuda no caminho para o Propósito.

Interagir com as pessoas sem medo e sem tantas barreiras. Ter e viver a empatia e a compaixão. Cuidar mais de si, desenvolvendo e fortalecendo o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Apreciar muito a beleza da vida e sorrir mais, muito mais. Escolher melhor as coisas, pessoas, lugares, tarefas e principalmente o que vemos, ouvimos e lemos. Propósito tem a ver com o nosso desejo genuíno de VIVER simplesmente porque precisamos deixar uma marca, contar uma boa história e ter paz no coração, por ter vivido e feito algo de bom para alguém.

Nélio fundou a NBHeart em 2008, onde busca ajudar as organizações em seus processos de cultura e transformação. 

Nossos agradecimentos à Moni Mackein pela imagem

Onde nasce a sua Saúde Mental? #janeirobranco

Alguma vez você já pensou sobre esta questão? Vamos fortalecer a campanha #janeirobranco refletindo sobre Saúde Mental pela perspectiva da paz.

Há várias literaturas sobre o saúde mental, e na grande maioria nos alertam sobre como outras pessoas nos impactam. Empresas investem parte do curto orçamento no desenvolvimento de líderes, em ações de bem-estar, em assistência médica. Enquanto que, a única forma de se conquistar Saúde Mental é de dentro pra fora e não de fora pra dentro.

É a forma pela qual me relaciono com o mundo que este reage às minhas ações.

A vida nos dá lições todos os dias e, quando não estamos distraídos, temos chance de aprender.  Assim, trago uma lição da prática de tênis. Exercício de bater bola no paredão, para controle de força e direção.  A primeira coisa que o técnico me fala “a bolinha volta com a força que você bateu”. Quando batia muito forte, a bolinha me agredia e quando batia muito fraco, voltava sem energia. Esta aula foi há uns bons anos, mas o aprendizado muito depois, quando eu percebi que era uma lição para a vida.

Um Olhar Antropológico

Mas o que é antropologia?

O termo antropologia deriva das palavras gregas “anthropos” (ser humano) e “logos” (ciência, estudo, conhecimento) e significa o estudo do ser humano. O objetivo da Antropologia é buscar um entendimento amplo, comparativo e crítico dos seres humanos, seus conhecimentos e formas de ser. Tem seu foco de interesse voltado para o conhecimento do comportamento cultural humano, adquirido por aprendizado social.

A verdade é que, desde Caim e Abel, sabe-se que a raça humana tende a resolver seus conflitos pelo uso da força, eliminando, se possível, sua fonte de raiva e frustração por não conseguir o objeto de desejo. 

Passados milênios do homo sapiens, o comportamento primitivo se mantém. Duvida? Dados do PNUD indicam o século XX como o de maior número de assassinatos da História. Como base comparativa, o século XVI matou 0,32% da população mundial, o século XVIII 0,92% e o século XX 4,35% (!). Apenas a guerra civil da República Democrática do Congo dizimou 7% da população local (!!).

O modelo mental do Homem, como raça, é pela opção da violência como resolução de conflitos. Violência, como se sabe, é campo de devastação, onde ou gera mais violência – “na terra do olho por olho todos ficam cegos” ou da subserviência, onde não há solo fértil para a criatividade ou expressão da liberdade. Em ambos os resultados, neste modelo mental de baixo desenvolvimento emocional, não há Saúde Mental.

Dor emocional pode produzir violência

O fato é que quem causa dor, está em dor.

Trazendo este modelo mental para nossa vida cotidiana, trago apenas dois exemplos e o/a convido a pensar em outros.

Quando no trânsito alguém faz uma “barbeiragem” e o outro buzina estridentemente ou xinga ou provoca o ser que errou, é exemplo de violência. Mas por que reagir assim? Pelo princípio de que o outro quis dar uma de “esperto”, me irritou, tirou uma fração de segundo da minha agenda. Não importa. É o modelo mental da violência.

Outro exemplo? Feminicídio. Homens que matam seu objeto de desejo pela sua raiva interior, culpando a mulher pela dor que é dele.

Acredito que todos os casos de violência, desde uma simples discussão à agressão física, são oriundos de uma dor interna, que se tenta sanar atingindo a pessoa que se entende ser a razão da sua dor. O Causa a dor (causador).

Então, Onde Nasce a sua Saúde Mental?

Na paz. 

Como pregou o mestre da paz, Gandhi “o mundo terá paz quando esta residir em cada ser”.

E como ter paz?  Pelo autoconhecimento e autodesenvolvimento. A jornada da vida é sobre ser quem se é na plenitude. Por isso é jornada. Citando o filósofo Cortella, “Não nascemos prontos”.  Nos desviamos deste caminho perseguindo uma vida perfeita, o padrão de sucesso propagado pela mídia, nos comparando com outra pessoa. Modificamos nossa essência para nos comportarmos com o padrão social imposto. Deixamos o Ser pelo Parecer. Não há saúde mental neste comportamento. Para se ter saúde mental é preciso ter saúde emocional.

No entendimento de nossas emoções e sentimentos está a chave para o estado de paz, que leva ao conceito de Felicidade

Um exercício que recomendo e que aplico, é o de se auto perceber. Logo que me dou conta que algo não está em harmonia dentro de mim, paro e analiso o que estou sentindo. Nomino o sentimento. Ah, estou irritada – porquê? Se eu colocar a culpa em alguém eu sei que não é a resposta, porque o sentimento é pessoal. Ninguém diz como você deve se sentir. Pessoas reagem diferentemente ao mesmo estímulo dependendo das suas crenças e valores e de seu estágio de desenvolvimento.

“Quem está bem, faz o bem”

A friendsBee foi criada com o propósito de “construir um mundo mais feliz” e atua como uma facilitadora do autoconhecimento, dando espaço seguro, anônimo e confidencial para que você possa compartilhar aquele incômodo sem ressalvas, ou seja, sem receio do julgamento social e sem o risco de receber um rótulo.  Ao expor sua angústia você tem 3 ganhos imediatos:

  • aliviar a pressão emocional que sente dentro de você,
  • clarear seu pensamento racionalmente, pela fala e
  • receber apoio de outras pessoas que compartilham contigo as próprias experiências no tema que te aflige.

Compartilhar experiências é uma forma de evolução no autoconhecimento. Ao parar para expor à outra pessoa o que você viveu, sentiu e aprendeu, reanalisa-se a situação com a bagagem de todo conhecimento atual. É um sentimento de auto-orgulho, que potencializa a confiança em si. E mais! O reconhecimento conferido por outra pessoa por tê-la ajudado, libera oxitocina, um dos quatro hormônios do prazer.

O entendimento das próprias emoções vai fortalecendo a sua jornada na vida, onde o estado de harmonia, de bem-estar, vai aumentando em proporção aos seus momentos de dor emocional.

“Quem está bem, faz o bem”, é o que prega a friendsBee. E é assim, pelo bem-estar individual que construímos um mundo mais feliz.

Andréa é sócia fundadora da friendsBee. Em sua jornada de vida fez uma inflexão na carreira com o propósito de expandir a atuação, influenciando a mudança que ela quer ver no mundo corporativo. Assim, atua também como Conselheira e Consultora.

Referências citadas pela autora:

https://www.infoescola.com/ciencias/antropologia/

https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/library/idh/relatorios-de-desenvolvimento-humano/relatorio-do-desenvolvimento-humano-20005.html

Mario Sergio Cortella – Site Oficial (mscortella.com.br)

https://www.instagram.com/p/CHYIQu5JJfN/?utm_source=ig_web_copy_link

https://www.janeirobranco.com.br