Não me identifico mais com os Valores da empresa, e agora?

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Não me identifico mais com os Valores da empresa, e agora?

O processo de Recrutamento & Seleção de candidatos vem mudando com o tempo. Antes apenas as empresas escolhiam os candidatos, hoje sabemos que é uma via de mão dupla, onde o candidato também escolhe a empresa.

Mais do que simplesmente avaliar questões práticas, tais como: escopo da atividade, a estrutura da área, o modelo de trabalho, o pacote de remuneração, o local de trabalho… precisamos entender como essa empresa realmente é na prática, qual o Propósito, os Valores e a Cultura do local.

A harmonia entre Valores e Crenças é tão importante quanto a correspondência entre competências e experiências. Tanto os candidatos, como as empresas, desejam trabalhar com quem caminha na mesma direção.

Considerando que os Valores são o DNA da empresa e que estes se refletem nos comportamentos e na forma que as pessoas se relacionam, é fundamental entender, no momento de um processo seletivo, se tem fit com os seus Valores pessoais. Isso tornará sua vida mais fácil ou mais difícil lá dentro. E com certeza, os funcionários mais bem sucedidos, são aqueles que se identificam com a cultura daquele lugar.

Valores e Cultura

Sabe aquele jeito de funcionar que ninguém te conta na entrevista nem no onboarding? Que você só fica sabendo naquele café que alguém diz “Vem cá que vou te explicar como as coisas funcionam aqui”. Quanto mais informações você tiver antes de entrar, melhor, para não se surpreender com algo que seja inadmissível ou esbarre em princípios para você.

Falar com pessoas que trabalham ou já trabalharam na empresa, poderá ajudar. Perguntas como: como é o clima aqui? Como as pessoas se tratam? Como lidam com o erro? Aqui pode-se falar abertamente o que pensam? O que mais incomoda? O que gera orgulho e o que frustra? Como as pessoas crescem na empresa?

Uma pesquisa da consultoria CompanyMatch, conduzida com 550 funcionários de empresas europeias em diversos setores, indicou que mais de 60% dos colaboradores deixaram seu último emprego devido a conflitos culturais.

“mais de 60% dos colaboradores deixaram seu último emprego devido a conflitos culturais.”

A grosso modo, esses funcionários se sentiram como um parceiro traído. No começo do relacionamento, as regras foram estabelecidas, mas, ao longo da convivência, elas foram quebradas até que o encanto se desfizesse¹.

Mudança na relação

Mas e quando já estamos na empresa e começamos a perceber que não nos identificamos com os Valores?

Quando já estamos na empresa e nos deparamos com Valores que não estão aderentes aos nossos Valores pessoais, a situação pode ficar complicada, pois pode gerar estresse, conflitos e consequentemente queda de produtividade e em última instância, transtornos mentais. Algumas atitudes nos deixam surpresos, indignados pois percebemos que algo está acontecendo de “errado” (aos nossos olhos), mas não está sendo corrigido ou repreendido.

Isso porque muitas vezes esse é o jogo daquele lugar, é a forma “combinada” de funcionar. Não necessariamente é o que está escrito nas paredes da Organização, mas é o jeito que as pessoas aprenderam a funcionar ou até, precisam agir assim para garantir a sobrevivência naquele espaço.

Por exemplo, em um lugar onde um valor é “Falar claramente” ou ter “Coragem de se posicionar”, mas a prática mostra que, você pode falar até “a página 2”, ou que quem fala demais sofre consequências, inclusive pode ser demitido por isso, faz com que aparecem alguns comportamentos disfuncionais, tais como:

  • falar do outro e não para o outro;
  • triangular informações para conseguir o que se quer;
  • se comprometer na reunião perante a todos mesmo sem concordar, mas na prática não executar  o combinado, entre outros comportamentos.

O que fazer?

Quando nos deparamos com um lugar assim, isso pode gerar incomodo, mas tem um porquê de ser assim, tem um histórico a ser considerado e esse tipo de situação, muitas vezes você só identifica quando já está inserido nesse contexto. No Onboarding, os valores da empresa são apresentados, mas na prática, podem ainda estar distantes do que está descrito.

Tem situações também que culturalmente o Valor é vivido, porém naquela equipe, com aquele líder, a situação funciona de forma diferente, pois ele (ela) tem um jeito de atuar que descola do valor da empresa.

Diante de situações como essas, devemos nos perguntar: o quanto consigo tolerar isso e me adaptar a esse contexto ou devo encerrar esse ciclo e buscar um local com o qual me identifique mais? Essa não é uma decisão fácil, implica em diversas questões, inclusive financeiras. Mas…

“Diante de situações como essas, devemos nos perguntar: o quanto consigo tolerar isso e me adaptar a esse contexto ou devo encerrar esse ciclo e buscar um local com o qual me identifique mais?”

Lembre-se fazer o que você acredita, em um lugar que você valoriza e se sente valorizado, trará orgulho, comprometimento, senso de realização e principalmente FELICIDADE. Sim, é possível ser feliz no trabalho, precisamos apenas encontrar o lugar certo. 

friendsBee, polinizando o bem 🌻

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DANIELA MONTEIRO é Executiva de Recursos Humanos, com mais de 18 anos de experiência em empresas do mercado financeiro e varejo, com foco em transformação cultural. Também integra a Diretoria de Conhecimento da ABRH-SP.

¹Fonte:https://forbusiness.vagas.com.br/blog/voce-sabe-o-que-e-fit-cultural/)

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>> A pandemia e o desejo de mudar de carreira @valeria-oliboni

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Imagem: friendsBee

Propósito de Vida, o amor como condutor

“… estou procurando, procurando.

Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

Esse pequeno poema de Clarisse Lispector mostra bem o sentido do Propósito. O ponto para o despertar está exatamente aí. Ou seja, o desejo de não ficar mais com o que aprendemos, com os nossos talentos, valores e habilidades. Precisamos entregar para o mundo. Não se trata mais de nós mesmos. Se trata do que vamos deixar para o mundo.

Quando comecei a entender e a estudar mais sobre Propósito (e gosto sempre de colocar o “P” em letra maiúscula), percebi muita coisa que já estava ecoando dentro de mim, mas que eu não sabia nomear.

Meu objetivo nesse texto é o de elucidar um pouco como podemos entender, nos alinhar e viver o nosso Propósito.

Em primeiro lugar o Propósito de vida não está conectado ao EGO. Isso quer dizer que não tem a ver com as nossas recompensas ou com reconhecimento. Tem a ver com o impacto do que fazemos na vida do outro, do entorno, da humanidade.

Do Autoconhecimento ao Flow

O ponto de partida se dá quando, VERDADEIRAMENTE, mergulhamos no AUTOCONHECIMENTO e decidimos olhar para a gente primeiro para depois olhar para o mundo lá fora. Não tem como descobrir a necessidade do mundo se as nossas necessidades não estiverem preenchidas. E tudo começa pelo DOMÍNIO PESSOAL, onde precisamos trabalhar nossos medos e nossas crenças limitantes. Depois disso, ou ao mesmo tempo, partimos para a INDIVIDUAÇÃO. A palavra é meio esquisita, mas é isso mesmo. E o que quer dizer? Quer dizer que nessa hora precisamos saber da nossa verdadeira identidade. Assumir quem somos de verdade com autenticidade e autoexpressão, pensando e agindo de forma abundante.

Costumo dizer nas minhas palestras sobre Propósito que ele – o tal Propósito – é irmão da expansão, da abertura e da liberdade. E quando assumimos a nossa identidade e entendemos nossa verdadeira expressão e forma de vida, estamos prontos para a terceira etapa que é a AUTOREALIZAÇÃO, que é a nossa conexão com os nossos valores e com a nossa essência, encontrando a satisfação e o famoso “flow”, que irei explicar um pouco mais para frente.

Trabalhado essas três etapas, o próximo passo é SENTIR a necessidade do mundo. Aquilo que enxergamos, sentimos e sabemos que precisamos fazer algo para resolver, para ajudar com impacto positivo. É como se fosse um “chamado”. Algo que a gente vê e tem a sensação inexplicável de que pode resolver. Para isso é muito importante ter absoluta consciência dos nossos TALENTOS, VALORES E PAIXÕES. E sempre que me perguntam o porquê dos valores, respondo que sem eles, podemos nos perder. Os valores de vida são a nossa “bússola moral”. Aquilo que nos ancora e nos fortalece como indivíduos.

Valores como: ética, integridade, amor, saúde, alegria, colaboração, confiança, coragem, comprometimento, respeito, honestidade e tantos outros. Caso você queira saber um pouco mais sobre os valores que te regem, sugiro entrar no site www.valuescentre.com e fazer o seu assessment de valores que está intitulado como PVA (Personal Values Assessment). Vale a pena.

Os valores são super importantes para a condução de sustentação do nosso Propósito pois eles nos ajudam no “COMO” podemos viabilizar os nossos talentos e aptidões.

Amor como condutor

Normalmente o Propósito está ligado a um verbo PODEROSO de ação, como transformar, melhorar, cuidar, desenvolver, integrar, conectar, viabilizar etc. É preciso SENTIR que verbo tem a ver com o nosso coração e com o nosso querer. Mas é preciso registrar aqui que nenhum verbo terá sentido, nenhum Propósito será efetivamente possível de ser vivido, se não tivermos AMOR. O amor é grande condutor de toda essa jornada. Sem amor não faz sentido, não tem significado e, acima de tudo, não tem entrega altruísta.

Propósito nas empresas

O Propósito pode existir para pessoas e organizações. Normalmente ele serve como um “convite” para uma AÇÃO. Sim, o Propósito precisa de ação! Não adianta ele ficar no desejo, no sonho, na vontade ou nas palavras. Ele precisa ser exercido em toda sua plenitude. E o melhor é quando ele se torna o centro na nossa melhor entrega e atividade. Relaciono aqui exemplos de Propósito de algumas empresas que considero válidos para o que elas fazem e entregam para a sociedade:

GOOGLE: Organizar a informação do mundo.

TESLA: Acelerar a transição para o transporte sustentável.

DISNEY: Alegrar a vida das pessoas.

FACEBOOK: Dar às pessoas o poder de compartilhar.

JOHNSON&JOHNSON: Cuidar do mundo, uma pessoa de cada vez.

Notem que são Propósitos declarados com frases curtas. Isso é muito importante, pois se não for direto a partir do verbo e com o IMPACTO CLARO para o outro, o Propósito pode ser confundido com missão.  

Quem consegue fazer do seu trabalho um MEIO para o seu Propósito, sem dúvida nenhuma se torna uma pessoa mais FELIZ. Mais do que isso, ou junto a isso, consegue entrar no seu estado de “FLOW”. E o que significa o tal “flow”? Gosto de explicar o “flow” através da frase da maravilhosa cantora Nina Simone, após seu épico concerto no Festival de Montreux em 1976.

“No começo, eu comigo. Eu com os demônios. A Plateia emudece. Esqueço de mim. Há uma conexão. Eu e a plateia. Uma coisa só. Só o absoluto. Não existe mais eu. Não existe mais plateia. Só vibração. Só o invisível. Foi mágico. O mais perto que cheguei de Deus.”

Propósito e Legado

O “flow” é a conexão máxima com o Propósito, com a entrega, com a sensação clara do impacto gerado. Ele exige muita concentração e foco, além de muito domínio do que está sendo feito. Isso quer dizer que o “flow” está muito mais conectado com o sentir do que com o mental. E é aí que ele combina com o Propósito. Você não consegue explicar. Simplesmente sente.

Uma vida com Propósito é uma vida mais plena, mais simples, mais leve. Como eu disse antes, Propósito é expansão e liberdade. Para isso, o importante é começar pelo básico. Esse básico depende de cada pessoa, é claro, mas precisamos olhar para isso como fonte de energia positiva e motivação. Um básico que começa por se divertir mais na vida, se alegrar com as coisas mais simples, julgar menos e entender mais. Vibrar mais com a natureza, a arte, a música. Dançar ajuda no caminho para o Propósito.

Interagir com as pessoas sem medo e sem tantas barreiras. Ter e viver a empatia e a compaixão. Cuidar mais de si, desenvolvendo e fortalecendo o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Apreciar muito a beleza da vida e sorrir mais, muito mais. Escolher melhor as coisas, pessoas, lugares, tarefas e principalmente o que vemos, ouvimos e lemos. Propósito tem a ver com o nosso desejo genuíno de VIVER simplesmente porque precisamos deixar uma marca, contar uma boa história e ter paz no coração, por ter vivido e feito algo de bom para alguém.

Nélio fundou a NBHeart em 2008, onde busca ajudar as organizações em seus processos de cultura e transformação. 

Nossos agradecimentos à Moni Mackein pela imagem