O papel do coaching no equilíbrio mental

O papel do coaching no equilíbrio mental

A pandemia entrou na casa das pessoas, no trabalho, na escola, na comunidade, e invadiu literalmente espaços menos conhecidos. De repente as pessoas tiveram contato com a família dos colegas, do líder, a rotina de cada um e aos poucos as pessoas foram se conhecendo mais, até porque a rotina da casa se misturou com a rotina do trabalho. Como se as gavetas do trabalho e da vida fossem todas reorganizadas. Impossível não perceber as diferenças sociais, econômicas, padrões de conduta e formas de organizar a vida.

Parece que a pandemia veio esclarecer algo óbvio: não somos só profissionais, somos seres humanos interconectados uns com os outros, com papéis e responsabilidades em várias áreas de vida.

Acho que este é um bom começo!

Coaching, transcendendo o trabalho

Como Coach Executiva há mais de 10 anos, percebo o movimento das pessoas em focar o seu desenvolvimento nos aspectos profissionais, como uma forma de aumentar o seu impacto e produtividade. Passadas algumas sessões, percebem a experiência de coaching de forma mais ampla e profunda, como um convite para a reflexão que transcende o trabalho, um processo que visa maximizar o potencial pessoal e profissional do ser humano.

O pano de fundo do processo de coaching passa pela visão de mundo do(a) coachee. Quais áreas da vida que ele(a) prioriza? Que papéis ele(a) assume com mais propriedade? Quais valores ele(a) cultiva? A saúde mental e o bem-estar estão intrinsicamente relacionados a todos estes fatores.

Como somos seres humanos em construção, a nossa consciência com relação aos diferentes aspectos da vida muda com o passar dos anos.

Coaching e autoconhecimento

Anos atrás eu conduzi um processo de coaching de uma alta executiva de uma grande organização, e com o passar das sessões ela aprendeu que necessitava trabalhar por uma causa social, ter filhos e uma qualidade de vida que pudesse concretizar tudo aquilo. Anos depois, ela me contou que tinha saído da organização onde estava, tinha dado à luz à um casal de gêmeos e abriu um empreendimento próprio na área de nutrição e, com um sorriso agradecido, me disse: “o processo de coaching foi um divisor de águas em minha vida.

Parece ser claro que não se pode ter saúde mental e bem-estar fazendo aquilo que não gosta e que não tem conexão com o seu Propósito, mas esta clareza precisa nascer do(a) coachee, no momento dele(a). Somos o que estamos dispostos a aprender!

O processo de coaching, trabalhado de forma profunda, coloca um holofote nos Valores, crenças, identidade e Propósito, gerando uma ampliação de consciência daquilo que realmente vale a pena e gera saúde mental e bem-estar.

O protagonismo nasce da consciência da integralidade dos papéis e da consciência do Propósito. Para mim bem-estar é isto! O quanto que estou conectada comigo mesma, com as minhas crenças e escolhas.

Dicas para o autodesenvolvimento

Parece ser desafiador, em um ano de pandemia, pensar em ter equilíbrio. Assim, quero registrar aqui o meu agradecimento à friendsBee e aproveito para deixar algumas dicas muito simples de saúde e bem-estar:

  1. Desenvolva o autoconhecimento, procurando ampliar a sua autopercepção sobre seus próprios limites e sobre os fatores que geram saúde e bem-estar.
  2.  Equilibrar vários pratos ao mesmo tempo pode ser interessante se você criar uma rotina organizada, compartilhando as responsabilidades, e criando pausas para refeições, exercícios físicos e relaxamento.
  3. Cultive as relações profissionais, familiares e pessoais mesmo à distância. Muitas fontes de desequilíbrios nascem da solidão.
  4. E, por fim, conecte-se à pensamentos positivos.

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Silvana Mello é psicóloga, mestre em Administração de Empresas, Executive Coach pela Universidade de Columbia em NY – USA. Inner Game – The School of Coaching – Califórnia – USA e Neurocoach pelo Neuroleadership Institute – USA.

Fundadora e sócia da TCS – Talent Creative Solutions, lidera projetos de Transformação Organizacional. É autora do livro: Mulher empoderamento e Legado, e ainda coautora do livro: “Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade”.

> Gostou do tema? Recomendamos o artigo complementar: O papel do coaching no desenvolvimento emocional

>> Imagem Nicole Wilcox  ✨

Você quer ser um SuperAger?

Superagers

Passar dos 80 sem doenças crônicas ou degenerativas: não é essa a velhice dos sonhos? Pois é! Esses felizardos, que hoje não chegam a um terço dos idosos no mundo, são denominados SuperAgers.

Estudos demonstram que este grupo perde mais lentamente o volume cerebral do que a maior parte das pessoas, o que possivelmente explica sua blindagem à demência. Além disso, o cérebro delas é maior e mais conectado em áreas relacionadas à memória, aprendizado, armazenamento e recuperação de informações, ou seja, ele se reorganiza e se expande com o uso.

Mas, como chegar lá desse jeito?

A neurocientista Emily Rogalski, PhD, lidera o grupo de estudos da SuperAging na Northwestern University de Chicago e, com base em suas pesquisas, cita algumas dicas importantes que podem nos levar a esse caminho.

A primeira delas é a prática de atividades físicas de forma constante, ou seja, de duas a três vezes por semana. Nada muito complicado: pode ser uma caminhada ou algum esporte que você goste! O ideal é que você mescle atividades aeróbicas com um pouco de musculação. Mas isso deve ser um hábito, incorporado na sua rotina. Os exercícios físicos regulares, além de contribuírem para o fortalecimento muscular e reduzirem o risco de quedas na velhice, favorecem o desempenho do organismo e a manutenção do peso.

Por que a manutenção do peso é importante?

Diversos estudos mostram que a obesidade é um dos grandes fatores de risco para diversas doenças cardiovasculares, osteomusculares e metabólicas, além de distúrbios de ordem emocional. No caso do Alzheimer, por exemplo, a redução do fluxo sanguíneo, proporcionada pela obesidade, têm sido associada ao aumento de casos da doença. Além disso, temos que nos preocupar com outros perigos como diabetes, doenças cardíacas e questões físicas que causam dificuldades de mobilidade na velhice.

Falando em saúde, você tem realizado o seu check up com regularidade? Uma avaliação médica ampla e periódica é importante para monitorarmos a nossa saúde. Problemas relacionados a insônia e falta de energia, aspectos decisivos para uma longevidade saudável, podem estar relacionados a instabilidades hormonais e são bem simples de serem resolvidos. Não descuide de sua saúde!

A segunda dica importante diz respeito à nossa atividade cerebral: temos que manter o cérebro alerta! Pense no seu cérebro como um músculo que precisa ser estimulado. Existem várias maneiras de fazer isso, seja através de leituras, debates, jogos, condução de projetos ou desafios. O importante é sair da sua zona de conforto!

Quer alguns exemplos?

Enquanto caminha, tente memorizar algumas coisas, como por exemplo os nomes das ruas por onde passa. O movimento estimula a nossa memória! Outra dica interessante é procurar aprender coisas novas: nosso cérebro adora desafios! Faça aquele curso de francês que você tem adiado, ou aquela aula de zumba que sempre quis fazer! Atividades de aprendizado em grupo são ainda mais ricas, pois nos ajudam a ampliar várias competências, e se forem divertidas, os ganhos são maiores em função da liberação da serotonina em nosso organismo.

Falando em serotonina, você sabe por que ela é chamada de “hormônio da felicidade”? A serotonina é um neurotransmissor encontrado no sistema nervoso central, trato gastrointestinal e plaquetas, tendo entre suas funções principais a de ajudar a equilibrar nosso humor, sono, fome e ansiedade. De acordo com a neurocientista PhD norte americana Candance Pert, cada um de nós tem dentro de si uma “farmácia de luxo a baixo custo” que não sabemos usar. No caso da serotonina, basta uma exposição diária de 20 minutos ao sol, a prática rotineira de meditação, o autocuidado e a ingestão oral de 5-HTP*, um aminoácido natural precursor da serotonina que pode ser receitado pelo seu médico.

Mais duas dicas pra você

Uma terceira dica diz respeito às nossas relações sociais. Os SuperAgers relataram investir muito nos relacionamentos. Estudos mostraram que a região da atenção no cérebro, repleta de neurônios responsáveis pelo processamento social, empatia e comunicação, é maior neles do que em idosos “normais”. Os estudos apontam para uma pontuação mais alta em relacionamentos satisfatórios e positivos por parte dessas pessoas.

Este aspecto é especialmente interessante, pois mostra a importância da qualidade dos nossos laços sociais, ou o quanto efetivamente investimos naqueles relacionamentos que nos fazem bem. Pense nos seus vínculos atuais e avalie se as pessoas que alegram a sua existência estão presentes em seu dia a dia. Se a resposta for negativa, mude isso e você terá resultados imediatos no seu humor e na sua vida!

A quarta dica é a moderação. Os SuperAgers não passam vontade de nada, mas não abusam. Isso serve para comida, bebida, sexo, trabalho, sono, estresse. Aliás, esse é um conselho que lembra um bordão publicitário, mas é um macete para a vida: aprecie com moderação!

Exercícios regulares, manutenção do peso, mente ativa, laços afetivos, autocontrole, essa é a bula para um envelhecimento ativo e saudável. Combater pensamentos tóxicos e manter conexões emocionais positivas nos preparam para ter uma velhice melhor, com o bônus de aproveitar o caminho durante a caminhada.

Refletindo sobre a pergunta inicial deste artigo, ingressar nesse grupo parece mais uma opção do que uma loteria: vamos tentar?

*não recomendamos automedicação

Fran Winandy é psicóloga, especialista em Programas de Transição de Carreira e Diversidade Etária.

Conheça mais em: https://acalantis.com.br/

Qualidade de Vida ou Vida Qualificada

Recentemente eu ouvi o psicanalista Jorge Forbes falar sobre a diferença entre “qualidade de vida” e “vida qualificada”.  Isso me levou não só a refletir sobre a importância desse assunto, como também fui ao seu extremo, associando o conceito de Burnout – distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico e mental das pessoas – e como tudo isso impacta na nossa saúde e nas nossas relações em casa e no trabalho.

Segundo o psicanalista, na maioria das vezes, ter qualidade de vida significa ter um padrão, o que não deixa de ser um rótulo estabelecido pela sociedade – por exemplo: acordar às 5 da manhã, fazer meditação, correr 10 kms, ser vegano, ter uma casa na praia etc. Ter uma vida qualificada, por outro lado, significa se autoconhecer, qualificar o que realmente é importante em sua vida e identificar o porquê isso lhe faz bem: beber um vinho à noite, rezar, ler um livro etc.

Evidentemente, o que de fato importa é ter uma vida integrada e que faça sentido. Isto significa balancear e alternar as atividades – entre criação, rotina, físico, família, trabalho; de tal forma que tudo esteja alinhado com as necessidades, os princípios e os valores individuais.

No outro extremo, entretanto (e principalmente por causa da pandemia), os casos de Burnout vêm aumentando. Para quem não sabe, a doença foi recentemente incluída na classificação internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) e significa esgotamento; o que implica dizer que a pessoa não tem mais energia emocional ou física para realizar o trabalho. 

O mais curioso é que as razões pelas quais o Burnout acontece contrapõem o conceito de vida qualificada, ou seja, a doença acontece quando a atividade não faz mais sentido para a pessoa , o seu trabalho fere seus princípios e valores e não existe um balanceamento para o seu exercício, e sim uma sobrecarga muito elevada.

Na verdade, é preciso conhecer e entender o que nos faz bem como indivíduos e qualificar isso de acordo com nossas necessidades e interesses. Somos únicos e não precisamos seguir um padrão exclusivo, mas sim encontrar a exclusividade para a sua vida. Essas diferenças enriquecem e encantam o nosso dia a dia.

Vale lembrar que tudo isso melhora o bem-estar, reduz o Burnout e pode aumentar vários indicadores no trabalho, como satisfação, engajamento e produtividade.

Sigo por aqui me esforçando em “qualificar a vida”.

Desejo que cada um saiba também qualificar a sua, de acordo com seus princípios e valores, e obter os melhores resultados em todas as suas relações.

Conheça mais sobre a autora em https://www.linkedin.com/in/manuelabrandaoborges