O que eu vim fazer aqui? A pergunta que sempre me faço

Dia Internacional da Mulher

Já me fiz essa pergunta muitas vezes ao longo da minha trajetória profissional, principalmente quando me deparei com ambientes de trabalho muito masculinizados e machistas. Acredito que muitas mulheres também fazem essa pergunta para si mesmas no seu dia a dia.

Jornada do autoconhecimento

A resposta veio junto com a minha jornada de autoconhecimento: Eu vim ser eu mesma.

A partir daí, decidi seguir em frente, ajudar na transformação do mundo corporativo e da nossa sociedade, e assim mudar as estatísticas que mostram que as mulheres representam menos de 14% do quadro executivo das 500 maiores empresas do Brasil.

Na escalada corporativa, alcancei posições mais próximas das decisões. Nessa jornada, vi a necessidade de diversidade ganhando cada vez mais importância na minha carreira e nas organizações. A multiplicidade de olhares e a capacidade de diálogo incrementavam tanto a inovação de produtos e serviços e, sobretudo, a experiência de funcionários, clientes, fornecedores, consumidores e todos os outros públicos que as empresas interagem, incluindo a sociedade em geral.

Assim, ao longo da minha carreira, também aprendi que paralisar o jogo por medo de arriscar e de enfrentar situações desafiadoras é desperdiçar o futuro e deixar de construir um legado significativo. Nesse sentido, ao enfrentar os problemas e dilemas, os horizontes se abrem e o seu propósito amadurece.

Nós no mundo

Fui conversar com a psicóloga Marta Lenci que afirmou que, mesmo com as mudanças do mundo, as inquietações humanas são as mesmas desde sempre. Por outro lado, nesse mundo atual, tudo nos distrai de nós e quase não temos tempo para responder a perguntas fundamentais :

  • Quem sou eu?
  • De onde eu vim?
  • Para onde eu vou?
  • O que devo fazer?
  • Qual é o propósito da minha vida?
  • Que tipo de pessoa eu quero ser?
  • O que eu estou fazendo para ser quem eu quero ser?

Concordo com a Marta que é a partir do autoconhecimento que podemos nos libertar da ilusão, dos equívocos, dos condicionamentos da mente, do excesso dos desejos e aversões, das identificações, das projeções, dos medos, dos autojulgamentos, das autossabotagens. E que vale o esforço para responder a essas perguntas.

Acredito que o autoconhecimento é a força motriz da ação, realização e o usamos para fazer escolhas mais conscientes – não só sobre o que se faz, mas como se faz e porque se faz. Em outras palavras, ao ter certeza de quem somos e das nossas motivações, ganhamos maturidade emocional para sobreviver às incertezas da vida.

O mundo é um lugar dinâmico, um campo de experiências, de aprendizagem, de desenvolvimento, de testagem, de investigação, de obstáculos e de facilidades para aprendermos, nos desenvolvermos e encontrarmos o nosso propósito, respondendo, talvez, quem sabe, àquelas perguntas inevitáveis. É assim para todos nós, Humanos -homens e mulheres.

É por isso que as organizações estão, cada vez mais, investindo em desenvolvimento pessoal, entendendo que pessoas mais conscientes dos seus propósitos e características têm também mais confiança no seu potencial, mais vontade de ir além, mais facilidade de fazer escolhas e de definir prioridades.

A empresa ganha quando o funcionário ganha.

O desenvolvimento pessoal também se refere a habilidades aprendidas para lidar com a vida; valores éticos; determinação, coragem, confiança; capacidade de observação, bem como bom senso e agilidade para se relacionar com dificuldades e obstáculos; conhecimento do próprio corpo, mente e emoções; empatia; compreensão de seus limites; visão da realidade como ela é; construção de uma rede de apoio; capacidade de realização e de execução.

Aprendizados e Legado

Este aprendizado se intensificou para mim nos últimos anos, quando comecei a me questionar do porquê não havia tantas mulheres em cargos de maior responsabilidade nas organizações. Resolvi então entender melhor esta questão, liderei a formação de uma rede de mulheres e resolvi escrever o livro Mulher Alfa – liderança que inspira.

Nesse sentido, trago no livro histórias de mulheres comuns, que têm coragem, autenticidade, resiliência, força e empatia! Que sonham e realizam seus sonhos – e assim seguem inspirando os que estão à sua volta com seus propósitos de vida.  

Dessa forma, meu desejo é que mais mulheres sirvam de exemplo para futuras gerações, que exigem e precisam de diversidade para transformar o mundo em um lugar melhor para todos.

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>>> Cristiana acumula mais de 25 anos de experiência em empresas nacionais e internacionais com foco em Relações Públicas, Marketing, Sustentabilidade e Inovação. Em 2018 publicou o livro “Mulher Alfa, liderança que inspira”, com intuito de promover diversidade e inclusão. www.mulheralfa.co

Instagram da psicóloga Marta Lenci – @martalencipsi

>>> Se interessa por autoconhecimento? Recomendamos este artigo incrível da Aline Craveiro Nossa História – perspectiva de passado, presente e futuro

Imagem de Alexandra Haynak ✨

Propósito de Vida, o amor como condutor

“… estou procurando, procurando.

Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

Esse pequeno poema de Clarisse Lispector mostra bem o sentido do Propósito. O ponto para o despertar está exatamente aí. Ou seja, o desejo de não ficar mais com o que aprendemos, com os nossos talentos, valores e habilidades. Precisamos entregar para o mundo. Não se trata mais de nós mesmos. Se trata do que vamos deixar para o mundo.

Quando comecei a entender e a estudar mais sobre Propósito (e gosto sempre de colocar o “P” em letra maiúscula), percebi muita coisa que já estava ecoando dentro de mim, mas que eu não sabia nomear.

Meu objetivo nesse texto é o de elucidar um pouco como podemos entender, nos alinhar e viver o nosso Propósito.

Em primeiro lugar o Propósito de vida não está conectado ao EGO. Isso quer dizer que não tem a ver com as nossas recompensas ou com reconhecimento. Tem a ver com o impacto do que fazemos na vida do outro, do entorno, da humanidade.

Do Autoconhecimento ao Flow

O ponto de partida se dá quando, VERDADEIRAMENTE, mergulhamos no AUTOCONHECIMENTO e decidimos olhar para a gente primeiro para depois olhar para o mundo lá fora. Não tem como descobrir a necessidade do mundo se as nossas necessidades não estiverem preenchidas. E tudo começa pelo DOMÍNIO PESSOAL, onde precisamos trabalhar nossos medos e nossas crenças limitantes. Depois disso, ou ao mesmo tempo, partimos para a INDIVIDUAÇÃO. A palavra é meio esquisita, mas é isso mesmo. E o que quer dizer? Quer dizer que nessa hora precisamos saber da nossa verdadeira identidade. Assumir quem somos de verdade com autenticidade e autoexpressão, pensando e agindo de forma abundante.

Costumo dizer nas minhas palestras sobre Propósito que ele – o tal Propósito – é irmão da expansão, da abertura e da liberdade. E quando assumimos a nossa identidade e entendemos nossa verdadeira expressão e forma de vida, estamos prontos para a terceira etapa que é a AUTOREALIZAÇÃO, que é a nossa conexão com os nossos valores e com a nossa essência, encontrando a satisfação e o famoso “flow”, que irei explicar um pouco mais para frente.

Trabalhado essas três etapas, o próximo passo é SENTIR a necessidade do mundo. Aquilo que enxergamos, sentimos e sabemos que precisamos fazer algo para resolver, para ajudar com impacto positivo. É como se fosse um “chamado”. Algo que a gente vê e tem a sensação inexplicável de que pode resolver. Para isso é muito importante ter absoluta consciência dos nossos TALENTOS, VALORES E PAIXÕES. E sempre que me perguntam o porquê dos valores, respondo que sem eles, podemos nos perder. Os valores de vida são a nossa “bússola moral”. Aquilo que nos ancora e nos fortalece como indivíduos.

Valores como: ética, integridade, amor, saúde, alegria, colaboração, confiança, coragem, comprometimento, respeito, honestidade e tantos outros. Caso você queira saber um pouco mais sobre os valores que te regem, sugiro entrar no site www.valuescentre.com e fazer o seu assessment de valores que está intitulado como PVA (Personal Values Assessment). Vale a pena.

Os valores são super importantes para a condução de sustentação do nosso Propósito pois eles nos ajudam no “COMO” podemos viabilizar os nossos talentos e aptidões.

Amor como condutor

Normalmente o Propósito está ligado a um verbo PODEROSO de ação, como transformar, melhorar, cuidar, desenvolver, integrar, conectar, viabilizar etc. É preciso SENTIR que verbo tem a ver com o nosso coração e com o nosso querer. Mas é preciso registrar aqui que nenhum verbo terá sentido, nenhum Propósito será efetivamente possível de ser vivido, se não tivermos AMOR. O amor é grande condutor de toda essa jornada. Sem amor não faz sentido, não tem significado e, acima de tudo, não tem entrega altruísta.

Propósito nas empresas

O Propósito pode existir para pessoas e organizações. Normalmente ele serve como um “convite” para uma AÇÃO. Sim, o Propósito precisa de ação! Não adianta ele ficar no desejo, no sonho, na vontade ou nas palavras. Ele precisa ser exercido em toda sua plenitude. E o melhor é quando ele se torna o centro na nossa melhor entrega e atividade. Relaciono aqui exemplos de Propósito de algumas empresas que considero válidos para o que elas fazem e entregam para a sociedade:

GOOGLE: Organizar a informação do mundo.

TESLA: Acelerar a transição para o transporte sustentável.

DISNEY: Alegrar a vida das pessoas.

FACEBOOK: Dar às pessoas o poder de compartilhar.

JOHNSON&JOHNSON: Cuidar do mundo, uma pessoa de cada vez.

Notem que são Propósitos declarados com frases curtas. Isso é muito importante, pois se não for direto a partir do verbo e com o IMPACTO CLARO para o outro, o Propósito pode ser confundido com missão.  

Quem consegue fazer do seu trabalho um MEIO para o seu Propósito, sem dúvida nenhuma se torna uma pessoa mais FELIZ. Mais do que isso, ou junto a isso, consegue entrar no seu estado de “FLOW”. E o que significa o tal “flow”? Gosto de explicar o “flow” através da frase da maravilhosa cantora Nina Simone, após seu épico concerto no Festival de Montreux em 1976.

“No começo, eu comigo. Eu com os demônios. A Plateia emudece. Esqueço de mim. Há uma conexão. Eu e a plateia. Uma coisa só. Só o absoluto. Não existe mais eu. Não existe mais plateia. Só vibração. Só o invisível. Foi mágico. O mais perto que cheguei de Deus.”

Propósito e Legado

O “flow” é a conexão máxima com o Propósito, com a entrega, com a sensação clara do impacto gerado. Ele exige muita concentração e foco, além de muito domínio do que está sendo feito. Isso quer dizer que o “flow” está muito mais conectado com o sentir do que com o mental. E é aí que ele combina com o Propósito. Você não consegue explicar. Simplesmente sente.

Uma vida com Propósito é uma vida mais plena, mais simples, mais leve. Como eu disse antes, Propósito é expansão e liberdade. Para isso, o importante é começar pelo básico. Esse básico depende de cada pessoa, é claro, mas precisamos olhar para isso como fonte de energia positiva e motivação. Um básico que começa por se divertir mais na vida, se alegrar com as coisas mais simples, julgar menos e entender mais. Vibrar mais com a natureza, a arte, a música. Dançar ajuda no caminho para o Propósito.

Interagir com as pessoas sem medo e sem tantas barreiras. Ter e viver a empatia e a compaixão. Cuidar mais de si, desenvolvendo e fortalecendo o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Apreciar muito a beleza da vida e sorrir mais, muito mais. Escolher melhor as coisas, pessoas, lugares, tarefas e principalmente o que vemos, ouvimos e lemos. Propósito tem a ver com o nosso desejo genuíno de VIVER simplesmente porque precisamos deixar uma marca, contar uma boa história e ter paz no coração, por ter vivido e feito algo de bom para alguém.

Nélio fundou a NBHeart em 2008, onde busca ajudar as organizações em seus processos de cultura e transformação. 

Nossos agradecimentos à Moni Mackein pela imagem