Sim, o autoconhecimento e a autoeducação são fatores essenciais para a saudável relação de casal e destes com os filhos. Os casais que já estavam tendo conflitos na relação entre si e/ou com os filhos antes da pandemia, depois desta, a tendência foi a crise aumentar.
Com a minha família não foi diferente, mais horas juntos, mais tarefas a serem cumpridas com aulas e trabalho online, mais conflitos. No entanto, também temos tido mais tempo de conversar e aprender juntos.
Desta forma, eu tive a oportunidade de colocar em prática um processo de autoconhecimento que aprendi que se chama 9 Passos e, um pouco mais à frente neste artigo, eu contarei para vocês um pouco sobre este caminho de desenvolvimento.
Conflitos Conjugais
Segundo o Instituto Brasileiro de Família, o Brasil registrou novo recorde de divórcios no primeiro semestre de 2021. De acordo com dados do Colégio Notarial do Brasil divulgados pelo jornal O Tempo, de janeiro a junho de 2021 foram 37.083 divórcios, um aumento de 24% em relação ao primeiro semestre do ano anterior, com o início da pandemia da Covid-19.
Além disso, os casais quando têm filhos muitas vezes passam a ter conflitos que antes não existiam ou não eram perceptíveis. E, para colocar mais uma variável, outros membros da família podem estar envolvidos, como avós, tios, ex-cônjuges, entre outros.
Imagine então tudo isso junto: mais tempo em casa, todos juntos, em um cenário de maior caos e medo dado o momento, filhos ao redor mudando o sistema familiar!
Luta ou Fuga da Relação Conjugal
O ser humano, assim como os animais, tem duas respostas básicas no comportamento em uma situação de stress: luta ou fuga.
Então, num momento de alto stress, umas das ideias que pode vir a mente é: “a saída é eu me separar”, ou seja, é uma resposta quase automática para se libertar do que está incomodando.
Nós temos uma outra parte do cérebro, o neocórtex, que pode ter respostas mais evolutivas, mas que precisa ser acionado pois somente o primitivo é automático. As formas de acioná-lo são meditação, autoconhecimento, exercícios de presença, entre outras que apliquei nos últimos anos e que, em breve, compartilharei com vocês.
Podemos pensar em cada um de nós como um vaso que contém muitas histórias, sendo algumas alegres e outras difíceis ou conflituosas, que acabaram deixando marcas, partes trincadas ou quebradas.
Autoconhecimento, Autoeducação, Autodesenvolvimento
Mas como “reparar” as marcas na alma? A resposta é autoconhecimento, autodesenvolvimento e autoeducação. Aqui eu conto para vocês que para a alma eu descobri que existe o Kintsuji, os “9 passos”, que é um processo que nos capacita a transformar sofrimento em aprendizagem. Ele foi concebido e criado pela psicóloga Maria Lucia Caldas, inspirada nos ensinamentos deixados por Rudolf Steiner, na sua experiência como terapeuta, consteladora e por sua aprendizagem com a própria jornada de desenvolvimento.
Os 9 passos
Neste artigo eu trago os nomes de cada um dos passos. Pretendo mês a mês trazer para vocês um pequeno resumo de cada passo que vocês poderão acompanhar pelo LinkedIn da friendsBee. E, para quem quiser fazer a jornada, deixarei ao final o link de inscrição nos 9 passos. Esta é uma das iniciativas da rede Semente Boa, onde todo valor recebido é destinado à uma instituição que atende crianças carentes.
Introdução: Quem Sou Eu e o que estou fazendo aqui?
1º Passo: Reconhecer-se em equilíbrio/desequilíbrio
2º Passo: Tomar distância/proximidade
3º Passo: Contextualizar
4º Passo: Desidentificar-se
5º Passo: Identificar o propósito
6º Passo: Compreender sentido/significado
7º Passo: Identificar as resistências
8º Passo: Reconhecer, agradecer e honrar estar aqui
9º Passo: Servir para vir à Ser
Todos nós passamos por constantes desafios e a questão é como lidamos com cada um deles, como oportunidades de crescimento, ou como vítimas.
Relações familiares
Toda família e todo casal sim, terá conflitos a enfrentar. Alguns mais, outros menos. Seja com relação à dinheiro, à Valores pessoais, na forma de educar os filhos, em questões de trabalho ou ainda, à família estendida de cada um, além de tantos outros.
Não conheço ninguém que tenha nascido numa família que só tenha virtudes, que não tenha “esqueletos no armário”. Muitas vezes não temos consciência disso, o que é o mais frequente, e acabamos ficando presos em um looping de conflitos.
Como não costumamos fazer esse exercício, então o comum é nos sentirmos vítima do outro, o que gera comportamentos diversos, como: negar, colocando embaixo do tapete o que incomoda, ou reagir, reclamando e criticando.
Além disso, o surgimento de sintomas como depressão, mal-estar, ansiedade, entre outros, que podem também levar a separação do casal.
Autoconsciência
O mais importante é que, ao aprender os exercícios dos 9 passos, passamos a ter uma ferramenta prática toda vez que algo acontece e percebemos que ficamos em desequilíbrio. É a construção de um novo olhar para tudo o que nos acontece.
Vale ressaltar a importância da terapia, entre outros tratamentos, quanto mais temos marcas que aconteceram bem no início das nossas vidas, para que estas marcas possam ser acessadas e tratadas.
Exemplo prático
Então, por exemplo, quando o marido ou a esposa fala em um tom agressivo, a nossa tendência é reagir com agressividade, sem compreender o que está por trás da nossa reação ou o que está acontecendo dentro do outro, sendo que o que nos incomoda é o que, de alguma forma, está mal resolvido dentro de nós mesmos.
Reagir como vítima é a pior ação, pois estamos presos a um olhar que pode não ser a verdade. Assim, é ainda mais importante ampliar a visão, o que só é possível através de um processo de autoconhecimento.
Com os exercícios dos 9 passos podemos reconhecer onde reagimos de forma automática e desconectada de nossos Valores, e fazer um caminho de compreensão e mudança.
“A ampliação da consciência requer prática, e não cresce como cabelo”, de acordo com Maria Lucia Caldas. E, como diz Rudolf Steiner, “somente podemos ser livres se tivermos consciência”.
Claro que existem casos em que a situação do casal é crítica e a separação é inevitável. Porém, na maioria das vezes, os incômodos foram se acumulando na relação do casal por um longo tempo e nunca foram cuidados de verdade.
Conclusão
O processo de autoconhecimento ao longo do tempo ajuda você a se cuidar, mudar. Impacta escolhas, comportamentos e gera bem-estar, mas não garante a reconciliação do casal. E se, depois de um trabalho interno, a escolha ainda for pela separação esta será dentro de um cenário mais saudável, importante quando envolve filhos.
Tenho visto casais que terminam em meio a conflitos dolorosos, sem terem processado a situação, e carregam isso pela vida. Acabam criticando o(a) ex na frente dos filhos e isso se torna prejudicial para a saúde emocional de todos. O pai/mãe pode ter defeitos, mas é o melhor pai/mãe que podemos ter e, principalmente, é um ser em desenvolvimento.
E, por último mas não menos importante: é uma libertação descobrir que sou vulnerável e que posso, com fios de ouro, reparar o meu vaso. Tem sido muito gratificante poder apoiar outros a repararem os seus próprios vasos, dentro desta visão de que cada um é um vaso único, com uma essência e com muito valor.
Para os 9 passos clique aqui
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Mirlene Marcos Ramos é Psicóloga com MBA e especializada em Coaching. Foi executiva de Recursos Humanos de empresas multinacionais e atua como consultora desde 2017. É coach, facilitadora de diálogo e conflitos, e terapeuta, utilizando conhecimentos e vivências que aprendeu na formação da matriz de nascimento, nos 9 passos, criança interior, visão sistêmica, entre outras abordagens.
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