A pandemia e o desejo de mudar de carreira

Planejamento de Carreira

A experiência que vivemos durante a pandemia nos trouxe à tona um novo jeito de experimentar o trabalho, e junto com ele as reflexões sobre qualidade de vida e Propósito. Com isso, os profissionais passaram a valorizar mais o tempo, a saúde e o bem-estar.

Reflexo da pandemia em nossas vidas

Em uma pesquisa realizada pela consultoria RH EDC Group, 91% dos respondentes apontaram que durante a pandemia mudaram o Propósito de vida ou que perderam o interesse pela sua área de atuação atual (53%).

Na mesma pesquisa, notamos que o cenário da pandemia pôs em evidência o tema “equilíbrio entre vida pessoal e profissional”. São 62,3% de profissionais que apontam estar valorizando mais as oportunidades de trabalho que proporcionem esse equilíbrio.

Esse contexto de questionamentos traz a atenção dos profissionais quanto a insatisfação e infelicidade, principalmente no ambiente corporativo, em que 36,7% das pessoas relatam estarem infelizes no trabalho ou que gostariam de fazer algo diferente do que fazem hoje (64,2%), conforme pesquisa realizada pelo aplicativo Survey Monkey.

A insatisfação e infelicidade no trabalho é o que desperta no profissional a necessidade interna para uma mudança de carreira. E em você, a pandemia despertou um desejo de mudar de carreira?

Um estudo realizado pela Microsoft apontou que 41% dos profissionais consideram deixar o trabalho atual ainda este ano. E 46% deles planejam uma mudança maior ou uma transição de carreira.

Microsoft pesquisa
Microsoft pesquisa -Trabalho híbrido (2021)

Esse está sendo um processo muito comum no mundo “pós-pandemia”. Fomos cutucados por algo que nos forçou a olhar para dentro, a refletir sobre o que estamos fazendo da nossa vida, a questionar nossas escolhas até aqui e colocar em xeque os passos a partir de agora.

Minha própria experiência com a pandemia

Eu mesma passei por esse processo durante o auge da pandemia que vivemos. Comecei a questionar porque estávamos vivendo isso tudo. Busquei algumas respostas alternativas que pudessem explicar o que essa situação estava querendo ensinar para a humanidade, ensinar para mim.

Nessa busca por respostas fui desenvolvendo mais autoconhecimento, e foi inevitável o momento em que percebi que o que eu estava fazendo até então não era o que eu queria continuar a fazer no longo prazo.

Nesse olhar para dentro, vemos coisas que não gostamos ou não sabemos lidar, como a necessidade de fazer mudanças se quisermos ter uma vida de realização e felicidade. Na minha experiência, essa descoberta do que eu não queria mais foi um incômodo desesperador, pois eu enxergava que o que eu não queria, mas ainda não via o que e como poderia ser. Então eu vivi com esse desespero por algum tempo até perceber e aceitar que precisava de ajuda para dar os próximos passos para mudar.

E mudar pressupõe fazer escolhas, agir numa direção nova, na direção de algo desconhecido. E é aqui que muita gente fica sem ação, porque sente medo.

Sempre vai dar medo!

  • Medo porque não sabe o que fazer com essa descoberta
  • de não saber escolher e não tomar a decisão certa
  • de mudar e dar errado
  • de se arrepender
  • Medo de abrir mão do confortável, seguro e já conhecido
  • de não ter apoio das pessoas próximas
  • do que as pessoas vão pensar
  • de começar do zero
  • de perder tudo o que construiu até ali, como experiências, conhecimento etc.

Aliás, quando falamos do medo de perder tudo o que foi construído, podemos trazer aqui o sentimento de culpa que acompanha as pessoas que percebem que é hora de mudar.

Desejo de mudar x Sentimento de culpa

A culpa vem da crença de achar que não se tem o direito de se sentir infeliz: “tem tanta gente sem emprego e eu aqui reclamando”, é assumir a culpa de uma situação externa e sobre a qual não temos controle. Ou culpa por pensar em deixar um trabalho que alguém nos ajudou a conquistar: “Estou aqui graças ao Fulano, sair agora seria muita ingratidão” ou “fiz faculdade com muito custo e ajuda de Fulano, não posso jogar meu diploma no lixo”, etc.

A sensação de estar abandonando tudo o que conquistamos no passado, o apego a um trabalho que foi bom e fez sentido até certo ponto, mas agora não faz mais: uma gratidão que aprisiona.

É a ideia de começar do zero que desespera, o que não é verdade, pois de onde estamos podemos dar um passo para trás, mas jamais começar do zero. É o desespero que nos cega em relação a isso.

O medo acontece porque não sabemos o que nos espera do outro lado. É puramente um mecanismo de defesa do nosso cérebro para evitar que nos coloquemos em situações de risco.

Mas o cérebro não sabe diferenciar situações reais de risco de vida e situações das quais não vamos morrer de fato, e que podemos gerenciar e mitigar riscos. Se há dúvida, ele nos manda esse sinal, o medo, que nos paralisa e, como consequência, nos impede de ter as experiências necessárias para o nosso crescimento e nossa evolução.

O primeiro passo rumo ao seu Propósito

Existe uma forma de atenuar todo tipo de medo, diminuir seu volume e aumentar a força da coragem, essa forma é o Planejamento de Carreira!

Antes de chegar nessa etapa é necessário voltar lá no processo de olhar para dentro, o autoconhecimento. É ele que vai ser base para todo o processo decisório e trazer a segurança que seu plano precisa, logo, deixar o seu cérebro mais tranquilo para dar os primeiros passos.

O autoconhecimento para carreira permite que identifiquemos nossas insatisfações, o que está nos deixando infelizes e o porquê. Essa é a primeira investigação que precisa ser feita, e, a partir dela, começar a construir o que se deseja.

Com a investigação da insatisfação, tomamos consciência do que não queremos mais. E o próximo passo é aprender de nós mesmos(as) o que de fato queremos. Lembra que eu comentei que não saber o que se quer, quais caminhos a seguir, pode ser desesperador? Nessa etapa do autoconhecimento, começamos a dissipar o desespero e dar luz a novas possibilidades.

Aqui é necessário ir a fundo para sabermos quem somos: o que gostamos, nossos interesses, quais são nossas habilidades, nossos pontos fortes. Entender o que queremos, quais são os Valores que não abrimos mão, o estilo de vida que queremos a partir do trabalho que temos.

Nossos interesses, o que gostamos e nossas habilidades estão muito ligados ao senso de Propósito, nossa contribuição, é a forma como oferecemos o nosso melhor para o mundo. E nossos Valores e como queremos viver, são o equilíbrio que buscamos entre as necessidades de cada aspecto da nossa vida: família, relacionamentos, saúde, lazer e diversão; o que chamamos de estilo de vida. E foram nesses pilares que a pandemia nos provocou, são nesses pontos que deixamos de prestar atenção quando desviamos o nosso olhar de nós mesmos(as) e vivemos a vida no piloto automático. Por isso é tão importante começar por aqui.

A liberdade de ser reflexo de suas escolhas

Depois de passar por todo esse processo que compartilho aqui, pude fazer novas escolhas e tomar minhas decisões de carreira de forma mais consciente e segura. Hoje eu estou nesse lugar de proporcionar às pessoas acesso a esse autoconhecimento que leva à realização e felicidade no trabalho.

Com base nessa experiência, não apenas na vivência mas no processo em si, e aliado ao que eu estudei tecnicamente, desenvolvi esse método: As três bases de autoconhecimento profissional: Interesses, Habilidades e Valores. Trata-se de uma reflexão em que passamos a nos conhecer melhor, entender como agimos, porque determinadas atividades ou contextos nos deixam irritados(as), ou esgotam tanto nossas energias, enquanto outras atividades, por mais que passemos horas dedicadas a elas, nos fazem sentir bem, satisfeitos(as) e produzindo com qualidade.

Essa consciência de nós mesmos(as) traz compreensão à nossa insatisfação, e paramos de nos culpar por nos sentirmos dessa forma.

Agora sim, entendendo e compreendendo nossa essência, podemos pensar em construir um novo caminho que faça sentido e esteja alinhado com quem somos.

A pandemia e o desejo de mudar de carreira?

O sentimento e a experiência de viver a insatisfação profissional, por qualquer que seja a razão, pode parecer uma situação insolúvel, um beco sem saída. Isso acontece porque, enquanto estamos inseridos(as) no contexto, sem referências de outras formas de viver o trabalho, sem espaço para compartilhar o que sentimos, sem tempo para refletir e cuidar de nós mesmos(as), o caminho que estamos parece ser a única opção.

Por isso, se você está vivendo esse cenário, considere parar e olhar por outros ângulos, conheça pessoas fora do seu ambiente diário, fale de outros assuntos do seu interesse, busque apoio mesmo que ele não venha das pessoas mais óbvias e, principalmente, considere buscar ajuda profissional por meio de psicoterapia, mentores na sua área e coaching de carreira.

Eu tenho a crença de que o trabalho pode ser leve e alinhado ao que te faz feliz. Gostaria que você também considerasse olhar para o trabalho dessa forma.

************************************************

Valéria é Coach e Mentora de Carreira, com foco no processo de escolha, tomada de decisão e planejamento de carreira. Certificada pela Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC). É formada em Psicologia com MBA em Liderança e Gestão de Pessoas.

outras fontes: https://forbes.com.br/carreira/2022/05/pos-pandemia-pesquisa-mostra-que-metade-dos-profissionais-quer-mudar-de-area/

Gosta dos temas Propósito e Autoconhecimento? Leia estes artigos:

>> Propósito de Vida, o amor como condutor de @nelio-bilate

>> Por que nos esquecemos que somos gente? de @andrea-regina

Agradecimento pela imagem: pixabay ✨

O papel do coaching no equilíbrio mental

O papel do coaching no equilíbrio mental

A pandemia entrou na casa das pessoas, no trabalho, na escola, na comunidade, e invadiu literalmente espaços menos conhecidos. De repente as pessoas tiveram contato com a família dos colegas, do líder, a rotina de cada um e aos poucos as pessoas foram se conhecendo mais, até porque a rotina da casa se misturou com a rotina do trabalho. Como se as gavetas do trabalho e da vida fossem todas reorganizadas. Impossível não perceber as diferenças sociais, econômicas, padrões de conduta e formas de organizar a vida.

Parece que a pandemia veio esclarecer algo óbvio: não somos só profissionais, somos seres humanos interconectados uns com os outros, com papéis e responsabilidades em várias áreas de vida.

Acho que este é um bom começo!

Coaching, transcendendo o trabalho

Como Coach Executiva há mais de 10 anos, percebo o movimento das pessoas em focar o seu desenvolvimento nos aspectos profissionais, como uma forma de aumentar o seu impacto e produtividade. Passadas algumas sessões, percebem a experiência de coaching de forma mais ampla e profunda, como um convite para a reflexão que transcende o trabalho, um processo que visa maximizar o potencial pessoal e profissional do ser humano.

O pano de fundo do processo de coaching passa pela visão de mundo do(a) coachee. Quais áreas da vida que ele(a) prioriza? Que papéis ele(a) assume com mais propriedade? Quais valores ele(a) cultiva? A saúde mental e o bem-estar estão intrinsicamente relacionados a todos estes fatores.

Como somos seres humanos em construção, a nossa consciência com relação aos diferentes aspectos da vida muda com o passar dos anos.

Coaching e autoconhecimento

Anos atrás eu conduzi um processo de coaching de uma alta executiva de uma grande organização, e com o passar das sessões ela aprendeu que necessitava trabalhar por uma causa social, ter filhos e uma qualidade de vida que pudesse concretizar tudo aquilo. Anos depois, ela me contou que tinha saído da organização onde estava, tinha dado à luz à um casal de gêmeos e abriu um empreendimento próprio na área de nutrição e, com um sorriso agradecido, me disse: “o processo de coaching foi um divisor de águas em minha vida.

Parece ser claro que não se pode ter saúde mental e bem-estar fazendo aquilo que não gosta e que não tem conexão com o seu Propósito, mas esta clareza precisa nascer do(a) coachee, no momento dele(a). Somos o que estamos dispostos a aprender!

O processo de coaching, trabalhado de forma profunda, coloca um holofote nos Valores, crenças, identidade e Propósito, gerando uma ampliação de consciência daquilo que realmente vale a pena e gera saúde mental e bem-estar.

O protagonismo nasce da consciência da integralidade dos papéis e da consciência do Propósito. Para mim bem-estar é isto! O quanto que estou conectada comigo mesma, com as minhas crenças e escolhas.

Dicas para o autodesenvolvimento

Parece ser desafiador, em um ano de pandemia, pensar em ter equilíbrio. Assim, quero registrar aqui o meu agradecimento à friendsBee e aproveito para deixar algumas dicas muito simples de saúde e bem-estar:

  1. Desenvolva o autoconhecimento, procurando ampliar a sua autopercepção sobre seus próprios limites e sobre os fatores que geram saúde e bem-estar.
  2.  Equilibrar vários pratos ao mesmo tempo pode ser interessante se você criar uma rotina organizada, compartilhando as responsabilidades, e criando pausas para refeições, exercícios físicos e relaxamento.
  3. Cultive as relações profissionais, familiares e pessoais mesmo à distância. Muitas fontes de desequilíbrios nascem da solidão.
  4. E, por fim, conecte-se à pensamentos positivos.

********************************************

Silvana Mello é psicóloga, mestre em Administração de Empresas, Executive Coach pela Universidade de Columbia em NY – USA. Inner Game – The School of Coaching – Califórnia – USA e Neurocoach pelo Neuroleadership Institute – USA.

Fundadora e sócia da TCS – Talent Creative Solutions, lidera projetos de Transformação Organizacional. É autora do livro: Mulher empoderamento e Legado, e ainda coautora do livro: “Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade”.

> Gostou do tema? Recomendamos o artigo complementar: O papel do coaching no desenvolvimento emocional

>> Imagem Nicole Wilcox  ✨

Propósito de Vida, o amor como condutor

“… estou procurando, procurando.

Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

Esse pequeno poema de Clarisse Lispector mostra bem o sentido do Propósito. O ponto para o despertar está exatamente aí. Ou seja, o desejo de não ficar mais com o que aprendemos, com os nossos talentos, valores e habilidades. Precisamos entregar para o mundo. Não se trata mais de nós mesmos. Se trata do que vamos deixar para o mundo.

Quando comecei a entender e a estudar mais sobre Propósito (e gosto sempre de colocar o “P” em letra maiúscula), percebi muita coisa que já estava ecoando dentro de mim, mas que eu não sabia nomear.

Meu objetivo nesse texto é o de elucidar um pouco como podemos entender, nos alinhar e viver o nosso Propósito.

Em primeiro lugar o Propósito de vida não está conectado ao EGO. Isso quer dizer que não tem a ver com as nossas recompensas ou com reconhecimento. Tem a ver com o impacto do que fazemos na vida do outro, do entorno, da humanidade.

Do Autoconhecimento ao Flow

O ponto de partida se dá quando, VERDADEIRAMENTE, mergulhamos no AUTOCONHECIMENTO e decidimos olhar para a gente primeiro para depois olhar para o mundo lá fora. Não tem como descobrir a necessidade do mundo se as nossas necessidades não estiverem preenchidas. E tudo começa pelo DOMÍNIO PESSOAL, onde precisamos trabalhar nossos medos e nossas crenças limitantes. Depois disso, ou ao mesmo tempo, partimos para a INDIVIDUAÇÃO. A palavra é meio esquisita, mas é isso mesmo. E o que quer dizer? Quer dizer que nessa hora precisamos saber da nossa verdadeira identidade. Assumir quem somos de verdade com autenticidade e autoexpressão, pensando e agindo de forma abundante.

Costumo dizer nas minhas palestras sobre Propósito que ele – o tal Propósito – é irmão da expansão, da abertura e da liberdade. E quando assumimos a nossa identidade e entendemos nossa verdadeira expressão e forma de vida, estamos prontos para a terceira etapa que é a AUTOREALIZAÇÃO, que é a nossa conexão com os nossos valores e com a nossa essência, encontrando a satisfação e o famoso “flow”, que irei explicar um pouco mais para frente.

Trabalhado essas três etapas, o próximo passo é SENTIR a necessidade do mundo. Aquilo que enxergamos, sentimos e sabemos que precisamos fazer algo para resolver, para ajudar com impacto positivo. É como se fosse um “chamado”. Algo que a gente vê e tem a sensação inexplicável de que pode resolver. Para isso é muito importante ter absoluta consciência dos nossos TALENTOS, VALORES E PAIXÕES. E sempre que me perguntam o porquê dos valores, respondo que sem eles, podemos nos perder. Os valores de vida são a nossa “bússola moral”. Aquilo que nos ancora e nos fortalece como indivíduos.

Valores como: ética, integridade, amor, saúde, alegria, colaboração, confiança, coragem, comprometimento, respeito, honestidade e tantos outros. Caso você queira saber um pouco mais sobre os valores que te regem, sugiro entrar no site www.valuescentre.com e fazer o seu assessment de valores que está intitulado como PVA (Personal Values Assessment). Vale a pena.

Os valores são super importantes para a condução de sustentação do nosso Propósito pois eles nos ajudam no “COMO” podemos viabilizar os nossos talentos e aptidões.

Amor como condutor

Normalmente o Propósito está ligado a um verbo PODEROSO de ação, como transformar, melhorar, cuidar, desenvolver, integrar, conectar, viabilizar etc. É preciso SENTIR que verbo tem a ver com o nosso coração e com o nosso querer. Mas é preciso registrar aqui que nenhum verbo terá sentido, nenhum Propósito será efetivamente possível de ser vivido, se não tivermos AMOR. O amor é grande condutor de toda essa jornada. Sem amor não faz sentido, não tem significado e, acima de tudo, não tem entrega altruísta.

Propósito nas empresas

O Propósito pode existir para pessoas e organizações. Normalmente ele serve como um “convite” para uma AÇÃO. Sim, o Propósito precisa de ação! Não adianta ele ficar no desejo, no sonho, na vontade ou nas palavras. Ele precisa ser exercido em toda sua plenitude. E o melhor é quando ele se torna o centro na nossa melhor entrega e atividade. Relaciono aqui exemplos de Propósito de algumas empresas que considero válidos para o que elas fazem e entregam para a sociedade:

GOOGLE: Organizar a informação do mundo.

TESLA: Acelerar a transição para o transporte sustentável.

DISNEY: Alegrar a vida das pessoas.

FACEBOOK: Dar às pessoas o poder de compartilhar.

JOHNSON&JOHNSON: Cuidar do mundo, uma pessoa de cada vez.

Notem que são Propósitos declarados com frases curtas. Isso é muito importante, pois se não for direto a partir do verbo e com o IMPACTO CLARO para o outro, o Propósito pode ser confundido com missão.  

Quem consegue fazer do seu trabalho um MEIO para o seu Propósito, sem dúvida nenhuma se torna uma pessoa mais FELIZ. Mais do que isso, ou junto a isso, consegue entrar no seu estado de “FLOW”. E o que significa o tal “flow”? Gosto de explicar o “flow” através da frase da maravilhosa cantora Nina Simone, após seu épico concerto no Festival de Montreux em 1976.

“No começo, eu comigo. Eu com os demônios. A Plateia emudece. Esqueço de mim. Há uma conexão. Eu e a plateia. Uma coisa só. Só o absoluto. Não existe mais eu. Não existe mais plateia. Só vibração. Só o invisível. Foi mágico. O mais perto que cheguei de Deus.”

Propósito e Legado

O “flow” é a conexão máxima com o Propósito, com a entrega, com a sensação clara do impacto gerado. Ele exige muita concentração e foco, além de muito domínio do que está sendo feito. Isso quer dizer que o “flow” está muito mais conectado com o sentir do que com o mental. E é aí que ele combina com o Propósito. Você não consegue explicar. Simplesmente sente.

Uma vida com Propósito é uma vida mais plena, mais simples, mais leve. Como eu disse antes, Propósito é expansão e liberdade. Para isso, o importante é começar pelo básico. Esse básico depende de cada pessoa, é claro, mas precisamos olhar para isso como fonte de energia positiva e motivação. Um básico que começa por se divertir mais na vida, se alegrar com as coisas mais simples, julgar menos e entender mais. Vibrar mais com a natureza, a arte, a música. Dançar ajuda no caminho para o Propósito.

Interagir com as pessoas sem medo e sem tantas barreiras. Ter e viver a empatia e a compaixão. Cuidar mais de si, desenvolvendo e fortalecendo o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Apreciar muito a beleza da vida e sorrir mais, muito mais. Escolher melhor as coisas, pessoas, lugares, tarefas e principalmente o que vemos, ouvimos e lemos. Propósito tem a ver com o nosso desejo genuíno de VIVER simplesmente porque precisamos deixar uma marca, contar uma boa história e ter paz no coração, por ter vivido e feito algo de bom para alguém.

Nélio fundou a NBHeart em 2008, onde busca ajudar as organizações em seus processos de cultura e transformação. 

Nossos agradecimentos à Moni Mackein pela imagem

Home Life, saúde mental na quarentena

Home Life, saúde mental na quarentena

É preciso saber viver, já cantavam Roberto Carlos na década de 60 e o grupo Titãs na década de 90, é o que se chama de música atemporal, o que a faz ser tão pertinente ainda hoje.

Em tempos de pandemia, quarentena mundial, nós estamos obrigados a fazer tudo de nossas casas, é o que denominei de Home Life. Nada menos que 100% do tempo em família ou consigo mesmo, para aqueles que moram sozinhos. O que poderia ser considerado um sonho, se transformou num pesadelo e, com isso, surgiu uma questão predominante em todas as mídias “Como manter a saúde mental na quarentena?”. 

O fato é que a saúde mental vem se deteriorando de longa data, tanto que o tema tem sido capa de revistas de grande circulação e das dedicadas à área de Recursos Humanos. Só no Brasil o afastamento do trabalho por burnout cresceu 114% em 2018.

Foi neste cenário que nasceu a friendsBee, startup cujo Propósito é Construir um mundo mais feliz, cuidando da Saúde Emocional na origem e, assim, prevenindo doenças físicas e transtornos mentais. Como analogia, atuamos tal qual a válvula da panela de pressão. Se entupida, a panela estoura causando um grave acidente. O mesmo se dá conosco. O acúmulo do sentimento de angústia causa pressão em nosso físico e na mente, estourando em algum momento, seja em uma simples dor de cabeça até uma úlcera, AVC, depressão, burnout

A friendsBee proporciona um espaço seguro, anônimo e confidencial para que as pessoas possam expor suas angústias sem ressalvas. Nós adultos contemos muito as emoções e guardamos os sentimentos, o que nos prejudica. Em pesquisa que realizamos, identificamos que os três principais motivos para isso são: medo de julgamento, vergonha e o receio de que o que eu contar pode ser usado contra mim no futuro. É como dizia o poeta Mário Quintana “Não te abras com teu amigo que ele um outro amigo tem”.

A quarentena desorganizou a rotina e trouxe todos os papeis da vida para dentro de casa, com um agravante, o medo. Medo de perder o emprego, de perder os clientes, de não conseguir trabalhar e pagar as contas, de perder as economias no caos do sistema financeiro, de adoecer, de perder entes queridos.

Todo medo vem da incerteza do futuro, causando ansiedade. Eu tomo o medo como realidade potencial e me imagino vivendo esta realidade.

Para lidar com esta situação a primeira parte a se organizar é a da própria cabeça. Entender o que é fato e o que é imaginação. Entender quais são todos os papeis que você vai desempenhar dentro de casa e organizar sua vida para dar conta deles, lembrando que o papel mais importante é aquele que você tem consigo. É como em turbulência aérea, onde primeiro você deve pôr a máscara em vocêDefina o tempo que você vai dedicar a você para se restaurar do cansaço físico e emocional. Eu, por exemplo, tiro uma horinha pra jogar homescapes. Sugestivo o nome, não?

São muitas as situações possíveis na sua casa e o desafio é o de conciliação dos papeis, lembrando que quando moramos com outras pessoas que também vivem diversos papeis na sociedade, inclusive as crianças, há que se criar um ambiente onde todos possam coexistir em harmonia. Sei que não é fácil, mas é necessário. Sugiro que se você que está lendo este artigo não é o mais organizado, o mais prático da família, proponha àquele que é este exercício. Pode ser feito de forma lúdica com as crianças, que vão entendendo a cada papel que os pais escrevem, como o tempo deve ser dividido e deve ser respeitado. 

Esta é de fato o que podemos chamar de oportunidade única e tão sonhada de estarmos em casa. Aproveitemos!

************************************************************

Andréa Destri, fundadora e presidente da friendsBee, saúde emocional, atua como Conselheira na BPW/SP, Mentora ABRH/SP e Membro da Comissão de Pessoas do IBGC

foto: freepick ✨