Decisão, Atitude e Começar! Sempre é tempo!

escolhas

Quando fui desafiada a escrever este artigo, fiquei pensando “como assim, o que vou falar, quais os pontos que devo abordar, o que as pessoas querem ler?” 

Sempre achamos que não damos conta, que é complicado, difícil e que dará muito trabalho. Depois que começamos nos damos conta de que não era tão complicado assim.

O mais difícil é começar.

O começar alguma coisa ou uma nova trajetória, é o que mais envolve sentimentos. Criamos empecilhos, dificuldades e desculpas mil para não fazer. Porque envolve pensar, envolve ter atitude, envolve decisão, envolve começar!

A vida é assim, em todas as ações que nos envolvem esses três pontos – Decisão, Atitude e Começar, farão a diferença no todo. Alguns dirão que estou sendo repetitiva, mas vamos lá pensem comigo.

A Decisão, o querer, começa com você.

Você precisa decidir o que quer, como e quando? Mas somente ter a decisão nada faz se você não tomar uma atitude. A Atitude (pensar como) requer talvez, um grau diferente de esforço, porque você vai precisar se mexer, estabelecer um plano e um lugar a chegar, e por fim o Começar (fazer literalmente) colocar tudo isso em prática efetiva. Ou seja, transformar todos esses sentimentos em mola propulsora para a real ação transformadora.

Como líder de uma organização de mulheres, esse tripé nos desafia todos os dias, quando pensamos em novas ações, em como engajar mais mulheres e, principalmente em como motivá-las a usar todo seu potencial para impactar outras à sua volta e dar a elas outros ares e outros vôos, ainda mais de forma voluntária.

Como mentora na área de línguas, esse tripé é ainda mais desafiador. Nem sempre a decisão foi tomada pela pessoa que chega a mim, a atitude é apenas uma reação da decisão de outrem, e o começar então, requer ainda mais habilidade de convencimento e uma visão de futuro.

Mas posso dizer que, em tudo que falamos até aqui, são os sentimentos envolvidos que nos levarão para a decisão, a atitude e o começar em nossas vidas. Esses sentimentos devem ter mais atenção? Já descobrimos que sim! Eles precisam ser falados e, principalmente, escutados.

Uma habilidade, que se faz ainda mais importante nestes tempos diferentes que estamos vivendo, é a escuta ativa (aprendi este termo há pouco tempo) pelos líderes de qualquer área, empresa ou grupo.

É a escuta com atenção, carinho e cuidado necessário. Escutar não apenas de corpo presente, mas de alma, coração e intuição presentes.

Nós líderes havíamos sido “comidos e comidas” pelos tempos modernos e não tínhamos tempo ou atenção necessária, não conversávamos de sentimentos e amenidades, afinal, “tempo é dinheiro”. mas se não tivermos esse tempo, o dinheiro gasto será ainda maior. 

Empatia, palavra chave

A empatia de que tanto falamos vem muito dessa “escuta ativa” que vamos precisar aprimorar, pois será a sensibilidade de entender os meandros dessas mensagens que farão a diferença. Quais recados que estão sendo passados nessas conversas, quais as frustrações e as alegrias que estão sendo trazidas?

Estes novos tempos trouxeram, pelo menos para alguns, e isso aconteceu comigo, um olhar diferente a tudo o que nos rodeia. Começamos a ver mais claramente as decisões que deixamos passar, as atitudes que não tomamos, e os começos que não foram iniciados.

Mas não se desespere, ainda temos tempo. E sempre é tempo. E o tempo sempre vem no tempo certo. Você já fez a sua escuta ativa hoje? Já se escutou ativamente?

Lembre-se que a Decisão, a Atitude e o Começar está em você primeiro!

Vamos juntos nesse descobrir?

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Claudia Pirani é empresária, sócia-presidente da escola de idiomas http://www.languageland.com.br/ e ativista pelo protagonismo feminino, a frente da Business Professional Women – https://www.bpwsp.org.br/ – Mulheres unidas, em busca de negócios, defesa de direitos e promoção da paz.

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Nosso agradecimento ao fotógrafo Arek Socha pela disponibilização da imagem. ✨

Você quer ser um SuperAger?

Superagers

Passar dos 80 sem doenças crônicas ou degenerativas: não é essa a velhice dos sonhos? Pois é! Esses felizardos, que hoje não chegam a um terço dos idosos no mundo, são denominados SuperAgers.

Estudos demonstram que este grupo perde mais lentamente o volume cerebral do que a maior parte das pessoas, o que possivelmente explica sua blindagem à demência. Além disso, o cérebro delas é maior e mais conectado em áreas relacionadas à memória, aprendizado, armazenamento e recuperação de informações, ou seja, ele se reorganiza e se expande com o uso.

Mas, como chegar lá desse jeito?

A neurocientista Emily Rogalski, PhD, lidera o grupo de estudos da SuperAging na Northwestern University de Chicago e, com base em suas pesquisas, cita algumas dicas importantes que podem nos levar a esse caminho.

A primeira delas é a prática de atividades físicas de forma constante, ou seja, de duas a três vezes por semana. Nada muito complicado: pode ser uma caminhada ou algum esporte que você goste! O ideal é que você mescle atividades aeróbicas com um pouco de musculação. Mas isso deve ser um hábito, incorporado na sua rotina. Os exercícios físicos regulares, além de contribuírem para o fortalecimento muscular e reduzirem o risco de quedas na velhice, favorecem o desempenho do organismo e a manutenção do peso.

Por que a manutenção do peso é importante?

Diversos estudos mostram que a obesidade é um dos grandes fatores de risco para diversas doenças cardiovasculares, osteomusculares e metabólicas, além de distúrbios de ordem emocional. No caso do Alzheimer, por exemplo, a redução do fluxo sanguíneo, proporcionada pela obesidade, têm sido associada ao aumento de casos da doença. Além disso, temos que nos preocupar com outros perigos como diabetes, doenças cardíacas e questões físicas que causam dificuldades de mobilidade na velhice.

Falando em saúde, você tem realizado o seu check up com regularidade? Uma avaliação médica ampla e periódica é importante para monitorarmos a nossa saúde. Problemas relacionados a insônia e falta de energia, aspectos decisivos para uma longevidade saudável, podem estar relacionados a instabilidades hormonais e são bem simples de serem resolvidos. Não descuide de sua saúde!

A segunda dica importante diz respeito à nossa atividade cerebral: temos que manter o cérebro alerta! Pense no seu cérebro como um músculo que precisa ser estimulado. Existem várias maneiras de fazer isso, seja através de leituras, debates, jogos, condução de projetos ou desafios. O importante é sair da sua zona de conforto!

Quer alguns exemplos?

Enquanto caminha, tente memorizar algumas coisas, como por exemplo os nomes das ruas por onde passa. O movimento estimula a nossa memória! Outra dica interessante é procurar aprender coisas novas: nosso cérebro adora desafios! Faça aquele curso de francês que você tem adiado, ou aquela aula de zumba que sempre quis fazer! Atividades de aprendizado em grupo são ainda mais ricas, pois nos ajudam a ampliar várias competências, e se forem divertidas, os ganhos são maiores em função da liberação da serotonina em nosso organismo.

Falando em serotonina, você sabe por que ela é chamada de “hormônio da felicidade”? A serotonina é um neurotransmissor encontrado no sistema nervoso central, trato gastrointestinal e plaquetas, tendo entre suas funções principais a de ajudar a equilibrar nosso humor, sono, fome e ansiedade. De acordo com a neurocientista PhD norte americana Candance Pert, cada um de nós tem dentro de si uma “farmácia de luxo a baixo custo” que não sabemos usar. No caso da serotonina, basta uma exposição diária de 20 minutos ao sol, a prática rotineira de meditação, o autocuidado e a ingestão oral de 5-HTP*, um aminoácido natural precursor da serotonina que pode ser receitado pelo seu médico.

Mais duas dicas pra você

Uma terceira dica diz respeito às nossas relações sociais. Os SuperAgers relataram investir muito nos relacionamentos. Estudos mostraram que a região da atenção no cérebro, repleta de neurônios responsáveis pelo processamento social, empatia e comunicação, é maior neles do que em idosos “normais”. Os estudos apontam para uma pontuação mais alta em relacionamentos satisfatórios e positivos por parte dessas pessoas.

Este aspecto é especialmente interessante, pois mostra a importância da qualidade dos nossos laços sociais, ou o quanto efetivamente investimos naqueles relacionamentos que nos fazem bem. Pense nos seus vínculos atuais e avalie se as pessoas que alegram a sua existência estão presentes em seu dia a dia. Se a resposta for negativa, mude isso e você terá resultados imediatos no seu humor e na sua vida!

A quarta dica é a moderação. Os SuperAgers não passam vontade de nada, mas não abusam. Isso serve para comida, bebida, sexo, trabalho, sono, estresse. Aliás, esse é um conselho que lembra um bordão publicitário, mas é um macete para a vida: aprecie com moderação!

Exercícios regulares, manutenção do peso, mente ativa, laços afetivos, autocontrole, essa é a bula para um envelhecimento ativo e saudável. Combater pensamentos tóxicos e manter conexões emocionais positivas nos preparam para ter uma velhice melhor, com o bônus de aproveitar o caminho durante a caminhada.

Refletindo sobre a pergunta inicial deste artigo, ingressar nesse grupo parece mais uma opção do que uma loteria: vamos tentar?

*não recomendamos automedicação

Fran Winandy é psicóloga, especialista em Programas de Transição de Carreira e Diversidade Etária.

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Por que nos esquecemos que somos gente?

a vida nos cobra o mesmo ritmo alucinado da correria desenfreada

Todos temos pensado um pouco mais sobre a vida nestes novos tempos.

A vida, apesar de ter sido como que “congelada” durante este ano, parece que nos cobra o mesmo ritmo alucinado da correria desenfreada dos anos anteriores.

Ganhamos mais tempo?

Teoricamente devíamos, sim, ter ganhado, pelo menos, algumas poucas horas do dia. Aqueles preciosos minutos do deslocamento para ir e vir ao trabalho, à escola, à academia, poderiam ter sido economizados e investidos em nós mesmos.

Mas fizemos isso?

Não… nós nos afogamos em meio às novas rotina impostas, sufocamos nossos sentimentos e desejos e seguimos levados pela corredeira interna de águas turvas e turbulentas.

A correria desenfreada do dia a dia continuou existente dentro de nós e, talvez agora, potencializada pelas angústias e medos que nos cercam.

Então, por que esquecemos que somos gente?

O surgimento de um vírus imprevisível que escancara o quanto somos vulneráveis e codependentes parece não ter sido suficiente para repensarmos sobre nossas fragilidades, nossa finitude.

Sim, somos gente, somos seres humanos, mortais, somos matéria, precisamos de limites, mas nos esquecemos disso. E nos deixamos levar pela corredeira da sociedade que nos coloca como super seres humanos, indestrutíveis, imortais, soberanos na Natureza, superiores a tudo e a todos.

Minha experiência – pé quebrado

Nestes dias, me lembrei  de uma ocasião em que fraturei o pé em uma viagem a trabalho e, como tinha um compromisso em uma outra cidade no dia seguinte, não tinha tempo de voltar pra casa e ainda ir ao médico antes de seguir para o novo compromisso que havia assumido.

O pé doía muito, estava bem inchado, mas não importava. Claro que, neste momento, eu nem sabia que estava efetivamente quebrado, mas a dor e o inchaço, que sinalizavam que algo estava bem errado, foram simplesmente ignorados.

Então, lá fui eu com o pé fraturado para o outro compromisso (interior, interior, interior do Estado de São Paulo) e somente no 3º dia após o ocorrido, procurei por ajuda médica. Claro que isso me custou uma semana sem poder colocar o pé no chão, dado o agravamento do quadro.

E, detalhe, quebrei o pé, simplesmente levantando de uma cadeira em um restaurante, pois não havia percebido (na loucura que me encontrava) que minha perna tinha adormecido, enquanto estava sentada almoçando.

Alimentamos um mundo frenético, caótico e neurótico, porque este mundo está dentro de nós.

No entanto, essa essência não é a nossa, aliás, essa “normalidade” fabricada é insustentável.

Nossa essência é espírito, é energia, é carne, é osso, é frágil e perecível, é mortal. Não somos máquinas, não somos invencíveis, mas nos orgulhamos, quando nos comportamos como tal.

Fato é que, quando não prestamos atenção em nós mesmos e nos esquecemos de quem somos, essa conta chega e chega bem alta. Nossa mente, nosso corpo adoecem.

Minha experiência – estrangulamento das veias cerebrais

Outra lembrança que me vem à tona, foi um quadro de transtorno mental que tive por dias, causado por um estrangulamento das veias cerebrais, provocado por estresse excessivo do trabalho. A conta chegou. Não prestei atenção ao meu corpo, aos sinais de alerta, continuei me comportando como máquina.

E tenho visto alguns números preocupantes nos últimos anos: o Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de pessoas que sofrem com a depressão, perdendo apenas dos Estados Unidos, e é o país com a maior prevalência de ansiedade do mundo, segundo pesquisa da OMS, realizada recentemente.

Em 2017, por exemplo, transtornos psíquicos afastaram mais de 178 mil pessoas do trabalho. Ou seja, mais de 100 mil pessoas em comparação ao ano anterior de 2016.

Em 2019, já se contabilizava 20 milhões de brasileiros sofrendo de burnout, 18 milhões de ansiosos e 12 milhões com depressão. Imaginem estes números no contexto da pandemia…

Dois grandes especialistas alertam:

“Doenças do tempo, que te tiram do tempo presente”, frase sábia da psiquiatra Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva que também traz a máxima que a “ansiedade é o excesso de futuro, a depressão excesso de passado e o estresse, excesso de presente”.

Como diz a Dra. Ana Beatriz, estamos no século das doenças do tempo, das doenças do pensamento que afetam, e muito, nossas emoções e, consequentemente, nossos corpos físicos.

É nítida a insatisfação da humanidade, mas parece que a corredeira de águas turvas afoga a consciência humana.

É preciso ter coragem para provocarmos as mudanças que são necessárias, para conseguirmos nos agarrar ao bote de resgate e ressignificarmos nossas jornadas. E esse resgate passa por um mergulho no autoconhecimento e autocuidado. Precisamos olhar para nós mesmos e não mais fugir de nós mesmos.

Segundo o neurologista Dr. Fabiano Moullin, “sem compreendermos nosso corpo, sem compreendermos nossos limites, não temos como buscar o equilíbrio”.

Sustentabilidade Humana

Fala-se muito hoje em Sustentabilidade no universo empresarial, mas pouco se fala em Sustentabilidade Humana, que passa justamente pelo despertar da consciência de quem somos, do que precisamos e do que queremos para nos sentir mais plenos e felizes.

PODEMOS mudar, porque esta mudança está em nós mesmos, no despertar da consciência de que a sustentabilidade humana passa por reconhecermos nossos limites, lermos os sinais dos nossos corpos e termos a coragem para dizer alguns “nãos”, para traçarmos outra rota que dê mais sentido a nossas vidas. E isso começa por uma preciosa jornada de autoconhecimento.

O tempo da Natureza não mudou. A questão é:  o que fazemos com o nosso tempo? Muita atenção à sua intenção!! Pense a respeito e tenha a coragem para mergulhar pra dentro de você mesmo e transformar as águas escuras e turvas em águas cristalinas, que te possibilitem enxergar o seu verdadeiro EU.

>>> Conheça mais sobre o trabalho da Andréa Regina em:

Website: https://asregina01.wixsite.com/arconsultoria

Insta: @areginaconsultoria

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Qualidade de Vida ou Vida Qualificada

Recentemente eu ouvi o psicanalista Jorge Forbes falar sobre a diferença entre “qualidade de vida” e “vida qualificada”.  Isso me levou não só a refletir sobre a importância desse assunto, como também fui ao seu extremo, associando o conceito de Burnout – distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico e mental das pessoas – e como tudo isso impacta na nossa saúde e nas nossas relações em casa e no trabalho.

Segundo o psicanalista, na maioria das vezes, ter qualidade de vida significa ter um padrão, o que não deixa de ser um rótulo estabelecido pela sociedade – por exemplo: acordar às 5 da manhã, fazer meditação, correr 10 kms, ser vegano, ter uma casa na praia etc. Ter uma vida qualificada, por outro lado, significa se autoconhecer, qualificar o que realmente é importante em sua vida e identificar o porquê isso lhe faz bem: beber um vinho à noite, rezar, ler um livro etc.

Evidentemente, o que de fato importa é ter uma vida integrada e que faça sentido. Isto significa balancear e alternar as atividades – entre criação, rotina, físico, família, trabalho; de tal forma que tudo esteja alinhado com as necessidades, os princípios e os valores individuais.

No outro extremo, entretanto (e principalmente por causa da pandemia), os casos de Burnout vêm aumentando. Para quem não sabe, a doença foi recentemente incluída na classificação internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) e significa esgotamento; o que implica dizer que a pessoa não tem mais energia emocional ou física para realizar o trabalho. 

O mais curioso é que as razões pelas quais o Burnout acontece contrapõem o conceito de vida qualificada, ou seja, a doença acontece quando a atividade não faz mais sentido para a pessoa , o seu trabalho fere seus princípios e valores e não existe um balanceamento para o seu exercício, e sim uma sobrecarga muito elevada.

Na verdade, é preciso conhecer e entender o que nos faz bem como indivíduos e qualificar isso de acordo com nossas necessidades e interesses. Somos únicos e não precisamos seguir um padrão exclusivo, mas sim encontrar a exclusividade para a sua vida. Essas diferenças enriquecem e encantam o nosso dia a dia.

Vale lembrar que tudo isso melhora o bem-estar, reduz o Burnout e pode aumentar vários indicadores no trabalho, como satisfação, engajamento e produtividade.

Sigo por aqui me esforçando em “qualificar a vida”.

Desejo que cada um saiba também qualificar a sua, de acordo com seus princípios e valores, e obter os melhores resultados em todas as suas relações.

Conheça mais sobre a autora em https://www.linkedin.com/in/manuelabrandaoborges

Toda grande força emerge de uma grande fraqueza superada

Nunca testemunhei uma vida fácil. Dentre as pessoas que conheço e aquelas cuja vida estudei, existem algumas que reclamam da vida e outras que pararam de reclamar das dificuldades e começaram a agradecer inclusive por tais dificuldades. É bem verdade que também encontro algumas num estágio intermediário: já pararam de reclamar (ao menos de verbalizar), mas ainda não agradecem pelo que passou, do jeito que foi, pelo preço que lhes custou.

É mesmo um longo caminho. Um caminho cheio de desafios, de cansaço, de confusão, de quedas e recomeços. Muitos precisamos parar pra descansar e felizes são aqueles que encontram acolhimento nestas paradas. Alguns ficam pela estrada sem nem procurar um pouso, porque se lembram das vezes que procuraram e não encontraram. Para esses é cada vez mais difícil a retomada. Quanto mais olham pras limitações, menos enxergam as motivações para prosseguir. Até certo ponto há escolhas. Depois, há não-escolhas, fruto da precariedade, num ciclo vicioso, cada vez mais escuro. A sensação é de cegueira, fraqueza e impotência.

Mas, claro, não estamos aqui – nesta vida – para parar nas impossibilidades. Viemos para aprender e exemplificar “como fazer do limão a limonada”.   

Imaginemos alguém que nasceu com “tudo pronto”, numa família que lhe provê tudo o que quer, antes mesmo dela se dar conta do que quer. O que acontece quando esta pessoa encontra uma situação de vida em que os pais já não podem prover? Que musculatura ela desenvolveu para enfrentar desafios? Que habilidades ela tem para encarar a dificuldade e começar a desbaratar os nós, um por um, até que o emaranhado se transforme numa ponte para algo melhor e maior? A pessoa que só sabe receber perde contato com a abundância dentro de si, porque sempre espera que os recursos venham de fora.

No outro extremo, imaginemos alguém que nasceu com “nada pronto”, numa família desprovida de possibilidades materiais, morais ou afetivas, sem vínculos. Que parâmetro de sucesso terá a sobrevivência desta pessoa, até chegar à vida adulta? Qual a musculatura dela para superar adversidades? Qual a sua capacidade de estabelecer relações de confiança? Considerando que a maioria de nós vive situações intermediárias, mas em muito diferentes graus de desafios, o que nos iguala em humanidade? 

Como disse Dalai Lama:

“O que todos os seres humanos têm em comum, é que todos querem ser felizes e evitar o sofrimento.”

O que nos individualiza é o COMO caminhamos para este objetivo. Sendo inevitáveis os desafios e dores neste mundo, como olhamos para eles? Em que ponto pedimos ajuda? Como valoramos o apoio que recebemos, seja das pessoas que há muito caminham ao nosso lado, seja daquelas menos prováveis. Conseguimos enxergar a bondade de quem nos estende a mão, ou fechamos os olhos de vergonha pelo que nos falta? O que o “fundo do poço” tem a nos oferecer, se não a concretude inexorável da impossibilidade de sairmos de dali sozinhos?

Pra quem sente Deus, que Deus seria capaz de criar alguns com “tudo” e outros com “nada”? Pros agnósticos ou ateus, que lógica abraçaria a alguns que atravessam a estrada da vida cantando e outros que desistem de caminhar? A única resposta em que as inteligências intelectual, emocional e espiritual convergem é a que olha para os seres vivos em conjunto.

Ninguém veio ao mundo numa jornada autocentrada. Somos interdependentes. Ensinamos e aprendemos graças a nossas decisões individuais, que podem variar. Mas sempre, necessariamente, uns com os outros.  Ou seja, querer nos conectar é um primeiro passo. Até aí vai nosso livre arbítrio. Conseguir conexões perenes requer mais que vontade; requer exercício e perseverança, num trabalho contínuo de auto conhecimento e concordância.

Bert Hellinger, conhecido pelo desenvolvimento das Constelações Familiares, falava em três concordâncias essenciais à prosperidade dos sistemas:

concordar conosco como somos, com o outro como é e com a vida como ela é.

É importante notar que o livre arbítrio não basta para transformar desejo em possibilidade. Entre um patamar e outro sempre existem desafios a serem superados.

No outro extremo, a opção pela não conexão é necessariamente temporária – ainda que leve uma vida inteira. As relações trazem riscos, sempre. Mas se nos isolamos, a vida fica sem sentido e perdemos força. E o tempo, aliado, traz oportunidade atrás de oportunidade para revermos esta opção. 

Toda grande força emerge de uma grande fraqueza superada, porque é diante da impotência que só nos resta a humildade de estender a mão e aguardar a outra mão que vem se juntar à nossa. É no fundo do poço que paramos pra olhar ao redor e pra cima.

Enquanto seguimos numa estrada reta, sentindo-nos autossuficientes, contamos apenas com o que já trazíamos. Enquanto caímos num buraco dessa estrada, olhamos pra baixo e focamos no que falta. Lá do fundo, percebemos que já sobrevivemos ao pior, que é a ilusão de caminharmos sós. De quantos buracos precisaremos pra sentir o chão que ampara o nosso peso, depende de muitos fatores. Até que aprendamos a agradecer por tudo que já somos, já sabemos, já temos, já podemos, não seremos livres e lúcidos sequer pra fazer esta conta.

Só mais uma reflexão: Toda grande força emerge de uma grande fraqueza superada porque, quando o outro nos puxa pra fora do poço, desejamos ter músculos para também puxá-lo, se ele precisar. É só na relação que a força se faz útil. 

Gabriela Assmar, advogada, mediadora e consteladora.

Para conhecer mais visite: https://viaconcordia.com.br/

Gostou do tema? leia também => https://www.friendsbee.com/beeblog/nossa-historia-perspectiva-de-passado-presente-e-futuro/

A felicidade em ser você,

seja quem for, faça o que faça, acredite no que acredite, você importa.  Você é parte da teia da vida. Um simples sorriso seu pode alegrar o dia de alguém. Palavras gentis podem levar um pouco de afeto às pessoas. Estamos todos interligados

Sua existência já impactou muitas pessoas.

Suas ações afetam quem interage contigo ativamente ou passivamente, assim como você é afetado pelas ações de outros.  Veja um exemplo simples:

Na rua você vê um bebê gargalhando. Naturalmente você sorri.

Ter esta consciência amplia a dimensão da sua vida.  Há vários aspectos que eu poderia abordar neste texto como: a relação com a natureza ou o impacto na saúde. Escolho abordar a sua verdade interior na dimensão do tempo.

O autoconhecimento nos faz tomar decisões que nos deixam em paz conosco.  No estado de paz interior a relação como o mundo exterior é mais positiva, logo o impacto que causamos é melhor.  Não significa que se vá tomar decisões para agradar às pessoas.  Como diz o dito popular que, independentemente de religião, passa a mensagem: “nem Cristo agradou a todos”. No entanto, mesmo quando anunciamos uma decisão que pode desagradar à outros, podemos escolher a forma de fazê-la.

Do que se tem controle

Apenas das nossas intenções e dos nossos atos.

Intenção existe apenas dentro de você. Já os seus atos é o que aparece para as pessoas.

A partir dos nossos atos somos interpretados e julgados inocentes ou culpados, certos ou errados.  Este julgamento já não está em suas mãos, pois decorre, em larga escala, dos Valores pessoais e da Cultura da sociedade. Pessoas impactadas diretamente ou espectadoras tiram conclusões das nossas intenções a partir da cabeça delas, ou seja, a partir do que acreditam e do que já viveram.

Do que você tem controle?

De suas intenções e seus atos.

Agir com coerência com seus Valores lhe dará tranquilidade. Se agir em oposição ao que acredita, gerará angústia. Esta angústia morará em seu peito, causará dor e incômodo, uma ferida que vai criar casquinha, mas sempre coçará e, eventualmente, voltará a sangrar.

A felicidade reside em ser você e não o que outros esperam de você. Não é simples, não é fácil, mas Ser Você é o único caminho para ser feliz.

Ah, e a vírgula no título do texto não é um erro, foi proposital. Simboliza continuidade em ser quem você é;

um eterno aprendiz, um mutante, uma metamorfose ambulante …

Andréa Destri é Presidente e sócia-fundadora da friendsBee

* Conheça a história da friendsBee : https://www.friendsbee.com/#nossa-origem

* Leia artigos anteriores da autora:

https://www.friendsbee.com/beeblog/falar-da-a-dor-e-o-primeiro-passo-para-a-cura/

https://www.friendsbee.com/beeblog/dia-mundial-da-saude-mental-10-de-outubro/

Nossa História – perspectiva de passado, presente e futuro

Gosto de acreditar que o passado reserva uma enorme oportunidade de ensinar o que realmente importa e é muito valioso para nós. Mas observo que frequentemente quando pensamos no passado, criamos imagens perfeitas para tudo que poderíamos ter feito e que obviamente não fizemos.

É verdade. Em contrapartida pondero que é muito fácil julgar, condenar nossos atos depois de feitos, difícil mesmo tem sido reconhecer que quando agimos, fazemos o melhor que conseguimos. E é nessa perspectiva que quero refletir sobre os aprendizados que todas essas lembranças trazem desse tempo que se foi. 

Na medida que conseguimos reconhecer, acomodar, aceitar, integrar o passado e reverenciar a sabedoria que ele nos revela, abrimos espaço para que nossas forças se apresentem mais e mais. Um jeito também de assumir que você estava ali o tempo todo. Você que foi o grande criador de toda essa trama que é a sua história.

Não podemos mudar o passado, afinal ele já se foi. Mas, no hoje, encontramos a chance de fazer por mais um dia o melhor que conseguimos. Podemos buscar mais presença em nosso agir, mais convicção, mais sabedoria, mais coerência entre o que queremos e o que sentimos. E, possivelmente, quando ele se tornar passado, teremos um tanto mais de orgulho de tudo que realizamos.

Gosto de incrementar o presente com a inspiração do futuro.

Essa provocação mostra que o que almejamos precisa ser iniciado e cuidado antes de nascer. Plantamos ações todos os dias desse futuro que sonhamos. Se quero ter saúde e longevidade preciso cuidar da minha alimentação, do meu sono, da minha qualidade de vida, hoje! Se quero comprar algo valioso e não tenho o montante necessário, preciso poupar desde hoje para um dia viabilizar esse tão esperado sonho.

O que quero dizer é que a realização dos milagres que tanto esperamos é feita por nós, a cada dia.

Cada história é única, não tem erros nem acertos. Ela reúne muitas lições aprendidas e ótimas oportunidades para se conhecer bem, se aceitar mais e se fortalecer a cada passo. Um caminho possível para você seguir em frente fazendo o que precisa ser feito da melhor forma, aprendendo e reverenciando seus passos de ontem, consciente no “aqui e agora” e nutrido de toda esperança pelo amanhã.

Para refletir:

– Quais são os aprendizados do seu passado?

– Como você percebe a sua vida hoje?

– Qual tem sido a sua contribuição hoje?

– O que gostaria de mudar no seu contexto atual?

– Que vida sonha para você?

– O que tem feito para alcançar os milagres que deseja?

Aline é co-autora do livro “Autoconhecimento: Uma Jornada de A a Z” , onde aprofunda o tema deste artigo: https://www.amazon.com.br/Autoconhecimento-jornada-Craveiro-Carlos-Fran%C3%A7a/dp/8580884497/ref=sr_1_1?dchild=1&keywords=autoconhecimento+uma+jornada+de+a+a+z&qid=1604519384&sr=8-1

A Saúde Emocional dos Profissionais de RH

Prazos apertados, alta competitividade, metas a serem batidas, cobranças excessivas… tudo isso faz com que a rotina de muitos profissionais seja de alto nível de estresse. Sabemos que a área de Recursos Humanos é a grande responsável por amenizar esses danos e cuidar da saúde dos colaboradores.

Mas a pergunta que fica é: quem se preocupa com a saúde dos profissionais de RH?

Em tempos de isolamento social devido a pandemia e trabalho remoto, a saúde emocional passou a ser uma das grandes preocupações das empresas. Além disso, se a OMS já previa que ansiedade e depressão seriam ainda mais prevalentes em 2020. O medo do vírus e o isolamento social só intensificaram esse processo. A chamada “Revolução Emocional”, protagonizada pelo RH, implementa uma nova relação entre empresa e funcionário.

Apesar de parte extremamente importante no processo, os profissionais de capital humano não devem ser os únicos responsáveis pelos cuidados com a saúde emocional dos colaboradores. Essa função deve ser dividida com a alta liderança da empresa através de desenvolvimento adequado de soft skills valiosíssimas em períodos como o que estamos enfrentando. Alguns exemplos de competências comportamentais que fazem toda diferença para se manter saudável emocionalmente e ajudar seus pares, equipe e colegas a enfrentar períodos de crise são: boa comunicação, empatia, gestão de expectativas e confiança.

Uma prova de que a saúde mental não deve ser apenas responsabilidade do RH é que investir em saúde emocional gera um bom ROI para as empresas. Funcionários sem qualidade de vida no trabalho, tendo sua saúde emocional acometida por estresse, ansiedade, depressão ou burnout, geram prejuízo para as empresas… funcionários felizes aumentam sua produtividade.

Não é incomum vermos empresas investindo em cuidados com a saúde mental dos seus funcionários. Consulta com terapeutas, atendimento psicológico reembolsado, e até mesmo empresas especializadas sendo contratadas para auxiliarem os profissionais de RH em como lidar com questões de saúde emocional da empresa como um todo.

Algumas empresas também estão investindo em lives com profissionais de saúde, que orientam e dão dicas em como manter a saúde emocional em dia. Estímulo a prática de exercícios também é sempre bem-vinda.

Fato é que os profissionais de RH devem redobrar sua atenção em relação ao bem-estar dos funcionários em épocas de crise como a que estamos vivendo com o Corona Vírus, mas não podem de jeito algum deixar de olhar para dentro e ver que são também pessoas que precisam de cuidado, descanso e um tempo para si.

Somente estando emocionalmente bem que ele poderá ajudar a todos a se sentirem da mesma maneira. 

Priscila Salgado é Managing Partner na Vertical RH – www.verticalrh.com.br

As Emoções e a Liderança

Estamos vivendo uma época em que tudo que sabíamos estava esquecido por não ter tanta necessidade. Agora, está vindo à tona e de uma forma nunca experimentada. Por exemplo, sempre soubemos que não temos controle de nada, porém vivíamos com a sensação que poderíamos controlar tudo. Neste momento, sabemos que não. Temos um inimigo que está oculto e pode aparecer em qualquer lugar e a qualquer hora.

Inovação era um tema que as organizações sabiam que era necessário, porém a implantação era algo que demorava. Os próprios diversos setores da companhia a boicotavam. Agora, inovar é preciso e tudo está sendo implantado com a maior urgência, pois se trata de sobrevivência. Quem não se reinventar não conseguirá se manter vivo.

Esta inovação não só se aplica para a empresa quanto para todos os indivíduos. Isto não será diferente para a liderança que também era um tema sempre debatido e amplamente ensinado nos MBAs. No entanto, não praticado integralmente, pois a ausência de uma liderança forte em toda a organização era suprida por uma liderança forte no topo que traçava as estratégias. Assim, bastavam que as ações sugeridas fossem realizadas.

Porém, neste atual momento, de completa incerteza sobre o futuro, logicamente a liderança forte no topo é e será sempre necessária. Mas, nada será realizado se toda as demais lideranças da organização estiverem comprometidas. Devemos lembrar que estamos em guerra, e, nesta batalha, todos são importantes, principalmente os soldados.

Neste ponto, quero ressaltar o papel da liderança que deverá estar mais perto da sua equipe do que nunca. Isto porque, as mudanças serão cada vez mais rápidas e para fazer isto você necessitará da equipe comprometida. Você deverá entender que cada um de seus liderados têm motivadores distintos e que não poderá tratá-los de forma igualitária. Precisará gerar confiança, pois ela gera agilidade e baixos custos. Para se ter confiança há necessidade de transparência.

Como conseguir isso? Primeiramente reconhecendo que você também tem receios, medos, angústias. Trabalhar essa questão num processo de autoconhecimento para que você possa ter mais equilíbrio e conseguir o que será mais importante, que é ter empatia, ou seja, conseguir se colocar no lugar do outro. Quando nos conhecemos é mais fácil conhecer o outro.

Também é importante cuidar do físico com atividades, mesmo que seja dentro de casa. É possível fazer, através de vários vídeos no Youtube que podem ser acessados e ajudando que o estado físico seja um aliado neste período. Da mesma forma o mental pode e deve ser aprimorado, neste período, com as ofertas on-line de cursos e lives.

Por último e não menos importante, o cuidado com o lado espiritual que, ao meu ver, considero o fato de conseguir estar em contato com seu interior. A meditação pode ajudar muito, pois também acalma as emoções.

Se um líder está cuidando do seu lado mental, fisco, emocional e espiritual, conseguirá se equilibrar, controlar suas emoções e, assim, estará mais perto de sua equipe. Como liderança não é somente ser líder de uma equipe, mas também de sua própria vida, então cuidar de todos os nossos lados (mental, físico, emocional e espiritual) será importante para todos nós agora.  Volto ao início deste artigo. Isto sempre foi necessário, mas agora é vital para sobrevivermos.

Dor como Segregadora Social

Dor como Segregadora Social

O mundo parou, sim, literalmente todos fomos forçados a parar de alguma maneira. Parar de trabalhar porque férias coletivas foram dadas, ou porque perdemos o emprego. Em outra hipótese, o trabalho Home Office se tronou uma alternativa, mas que o mundo parou e suas rotinas também por causa da pandemia da COVID-19, é sabido de todos. Com a pandemia a dor apareceu como consequência. O que é a dor? Como podemos vencê-la? São questões que sempre acompanharão o ser humano em toda a sua existência, logo, é inevitável que a dor seja sentida, mas isto não implica que a dor não possa ser tratada. Neste artigo abordaremos a dor como uma segregadora social, porque ninguém quer ficar ao lado de uma pessoa que vive se queixando de uma  dor; uma dor de perda ou de fracasso, bem como a não compreensão da saída dos filhos de casa, que no adulto pai ou mãe, gera, em alguns casos, a síndrome do ninho vazio, que é um dor emocional por pensar que a maturidade dos filhos é um tipo de rejeição a todo o trabalho materno ou paterno de investimento que foi feito e com isso, a dor aparece ligada a suposta perda dos filhos.

A Psicopedagogia Institucional pode atuar como uma das colaboradoras no processo de ajuda ao adulto que está sofrendo uma das dores anteriormente mencionadas. Assim, a intervenção da psicopedagogia com ações terapêuticas seria bem significativos para também demonstrar sua importância como uma disciplina e como uma parte da ciência que visa o entendimento do ser humano e como ajudá-lo. Outra vez, a Psicopedagogia pode quebrar barreiras e descobrir como amparar pessoas que estão passando por essas dores, como as da perda, da frustação pessoal e da terrível sensação de fracasso pelo caso fortuito da pandemia e ao mesmo tempo negligência de muitos.

A Dor como Segregadora Social

Ninguém gosta de ser excluído, de nada ou por alguém, mas isto também acontece nas relações sociais, pois, um doente muitas das vezes não sabe que está doente emocionalmente;  Só toma consciência que necessita de ajuda quando, em algum momento social, sofre a segregação por causa de seu comportamento de desgosto, de queixa, de frustração consigo mesmo e isto é exteriorizado em palavras, em desleixo na aparência física, que retrata a confusão emocional que está padecendo. Nos encontros e eventos sociais, as dores emocionais são mais suscetíveis de serem vistas porque o ambiente é propício para externar, mesmo que inconscientemente como um escapismo[1] para o sufocamento das emoções.

Mas como a dor é segregante? É no ponto de que o emocional é abalado sem que haja doença preexistente, em consequência da pandemia, ou até outras questões da própria vida diária. A Psicopedagogia, como assevera E. Fagali sobre o processo de cura: “o processo de cura, expresso  ‘curando’ (do latim: curare) se associa ao ‘ter cuidado com’, vigiar, livrar da doença, um sentido dinâmico de estar atento, de acolher e mobilizar, em busca de um movimento libertador da condição de estar doente”.

Então, a dor é um fenômeno inevitável e que acompanha o ser humano em toda a sua existência. Para José A. da Silva e Nilton P. Ribeiro-Filho a sensação de dor é uma parte fundamental para a própria sobrevivência humana e que serve como um indicador de que tem algo de errado com o organismo, além disso, a dor pode ser emocional, e também tornar-se física – são as denominadas doenças psicossomática. Mas o nosso objetivo neste artigo é contribuir para que os adultos, com pelo menos três tipos de dores, possam ser ajudados: os que sofrem com a síndrome do ninho vazio, os que, por causa da pandemia, perderam algum ente querido ou até mesmo o seu sustento laboral, pela perda do emprego, e ainda aos que, por causa da COVID-19 sentem-se fracassados pela conjuntura socioeconômica do país.

A Dor da Perda e do Fracasso

Já para Betty Carter e Monica McGoldrick a sensação de frustração por terminar um ciclo normal da vida que é a autonomia e independência dos filhos, é vista por alguns como uma sensação de fracasso pela ausência dos filhos. É uma fase marcada pela mudança de casa e das relações sociais e familiares. Portanto, a dor do “ninho vazio” com a ajuda de um profissional como o psicopedagogo que na área institucional atua colaborando para as mudanças necessárias no ambiente e nas relações intrapessoais, e nas interpessoais. Segundo Brito da Luz e Brito da Luz, neste período o casal pode se reencontrar para um reconstrução da vida de casal, já que muitas das vezes o foco deles eram os filhos e a supressão das necessidades deles enquanto pequenos, mas após crescerem e obterem  autonomia, saem de casa para formar um novo núcleo familiar, como uma etapa normal da vida de cada um; isto em alguns casais, ou em um dos cônjuges gera a sensação de perda, de fracasso ou de frustração

Segundo Naiara P. Donida e Sandro R. Steffens a própria insatisfação com o casamento que, tinha muitos percalços na vida a dois, e com a canalização da atenção e das energias nos filhos, os quais, saem de casa para viverem as suas respectivas vidas e decisões, seria um dos possíveis estopins para essa síndrome do ninho vazio. Contudo, se um casamento é estável, a partida dos filhos é a oportunidade de uma dedicação entre os cônjuges, uma segunda lua de mel, e renovação de um ciclo da vida. A forma pela qual enfrentamos as perdas seja de alguém que amamos, de um emprego, ou a sensação de fracasso, de que nada funciona em nossa vida, fará a diferença em nosso futuro.  Como essas sensações são tóxicas, se não forem bem administradas resultam em problemas para quem se aprisiona a elas.

A Empatia e o Vínculo Afetivo como Ação Psicopedagoga

A empatia é saber que mesmo que o outro possa estar errado ou enfrentando um problema emocional, se colocar no lugar dessa pessoa, sentindo as dores que esta sente, para que ao invés de afastá-la por causa de suas queixas, buscar, por intermédio desta empatia, a colaboração e o apoio para que esta pessoa seja conscientizada e entenda que precisa de ajuda de um profissional da área de saúde ou de uma equipe multidisciplinar para atendimento. O papel da psicopedagogia institucional é enfatizar as mudanças no ambiente de trabalho que sejam positivas e assertivas para com aqueles que estão com determinados problemas, podendo ser uma fonte de mediação no processo de autoconhecimento e conscientização.  No entanto, às vezes, não é uma tarefa de um profissional só, mas de uma equipe especializada.

Um fato é certo, a empatia pela dor alheia e o estabelecimento de um vínculo emocional de ajuda e colaboração, em que os que sofrem as dores, quaisquer que sejam, possam ser ajudados efetivamente. sendo a solução a menos custosa para a instituição, e para o indivíduo. Para Roman Krznaric empatia é se colocar na posição do outro, mediante a imaginação, isto para tentar presenciar seus sentimentos.  Já para Emerald Spphire empatia é ver o oculto da personalidade do outro pela percepção das suas emoções.

De acordo com Carl Roger nos tempos de Freud era limitada aos sentimentos, quase que uma obra de arte pela consideração positiva. Toda a percepção de empatia está em um convívio social melhor. Para os diferentes significados que as intervenções terapêuticas relacionais que a psicopedagoga pode fazer é de importância como trabalho colaborativo e de afetividade. Segundo Pichon-Rivière na Teoria do Vínculo, que gera uma adesão ou preferência por causa de atitudes ou pessoas em quem confiamos ou admiramos por motivos diversos.

Considerações Finais

A dor é uma realidade inegável para todos nós, logo devemos aprender a lidar com as perdas, a lidar com os imprevistos da vida. O psicopedagogo pode, por sua formação, atuar proativamente na empresa para que os colaboradores possam encontrar um alívio ou até mesmo a solução da dor que vivenciam. É claro que, se outro profissional da área da saúde for necessário, sua incumbência é de orientar e dar os suportes que são precisos para que o tratamento aconteça. A dor é universal, não vê raça, credo, ou posição social do indivíduo, atingindo, de uma forma ou de outra, todos os humanos que estão vivos. Assim, é preciso aprender a lidar com perdas e com o fracasso, para que se cresça e alcance uma maturidade de vida, com a aprendizagem decorrente da experiência negativa que traz resultados positivos.

Desta maneira, o psicopedagogo pode romper com paradigmas da profissão e ser mais atuante nas empresas. Vale lembrar que além de ser um profissional, também é um ser humano que pode passar pelos mesmos erros, enganos, fracassos e acertos que a pessoa a qual ajuda a se recuperar das dores emocionais.

Notas:

Escapismo são formas de escape de um problema desde a rejeição de sua existência, como a busca de caminhos ou meios para amenizá-lo, que pode ser na bebida ou outra atividade. Até mesmo fugir para um mundo fantasioso. Ver: ESCAPISMO. Disponível em:<https://www.resilienciamag.com/escapismo-a-arte-de-criar-de-criar-problemas–fugundo-dos-problemas/amp/> Acesso dia 25/09/2020, às 09:30 hs.

FAGALI, Eloisa Quadros. Encontros entre Arteterapia e psicopedagogia: a relação dialógica terapeuta e cliente, educador e aprendiz. In: CIORNAI, S., Percursos em Arteterapia. São Paulo: Summus, 2005, pp.27-30.

SILVA, José Aparecido da; RIBEIRO-FILHO, Nilton Pinto. A Dor como um Problema Psicofísico. Rev Dor, São Paulo, 2011, abr-jun;12(2):p.139.

Psicossomática é a demonstração da doença emocional de forma que afeta o corpo com outros tipos de doenças ou mal-estares provocados pelo emocional como sinal de pedido de socorro do corpo. Ver.:< DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS. Disponível em:<https://psiquiatriapaulista.com.br/o-que-sao-doencas-psicossomaticas/ > Acesso dia 26/09/2020, às 19:10 hs.

CARTER, Betty; McGOLDRICK, Monica. (Org.). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995. pp.20-1.

KRZNARIC, Roman.  O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p.10.

SPPHIRE, Emerald. Guia de Treinamento das Características da Empatia para Evolução Emocional e Espiritual. Trad. Eliane Carvalho, Babelcube Inc., 2018, p.29.

ROGERS, Carl. Torna-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2016, pp.20-1.

GÊNERO, Deise Carla. Teorias e Práticas da Psicopedagogia Institucional.

Referências

CARTER, Betty; McGOLDRICK, Monica. (Org.). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995.

DONIDA, Naiara P.; STEFFENS, Sandro R., Síndrome do Ninho Vazio: Sentimentos das Mães em Relação a Saída dos Filhos de Suas Casas. Anuário de Pesquisa e Extensão UNOESC São Miguel do Oeste, 2018, pp.5-6.

FAGALI, Eloisa Quadros. Encontros entre Arteterapia e psicopedagogia: a relação dialógica terapeuta e cliente, educador e aprendiz. In: CIORNAI, S., Percursos em Arteterapia. São Paulo: Summus, 2005.

KRZNARIC, Roman.  O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

LUZ, BRITO DA LUZ, L.J.M.N.; BRITO DA LUZ, J.P.A. 109. A síndrome do ninho vazio. Revista Medicina Geral da Família 2000, parte III- saúde e ambientes, 3.1 ambiente familiar, dezembro, 2000.

ROGERS, Carl. Torna-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

SILVA, José Aparecido da; RIBEIRO-FILHO, Nilton Pinto. A Dor como um Problema Psicofísico. Rev Dor, São Paulo, 2011, abr-jun;12(2) pp. 138-145.

SPPHIRE, Emerald. Guia de Treinamento das Características da Empatia para Evolução Emocional e Espiritual. Trad. Eliane Carvalho, Babelcube Inc., 2018.